Resumo

 

 

Integra

Ao visitar fábricas de charutos na região do Recôncavo Baiano, uma realidade salta aos olhos. É como se o período escravocrata ainda permanecesse intacto. Algumas dezenas de mulheres negras vestidas com roupas iguais enrolam charutos, separam folhas de fumo. Embalam fardos de tabaco, molham folhas de fumo e embalam cuidadosamente sob o olhar atento de supervisoras brancas. Nas praia a realidade é dramaticamente aumentada. Vendedores e ambulantes negros servem famílias brancas que descansam nas areias da praia. Em algum canto da praia, uma mulher negra prepara no azeite de dendê acarajés que serão levados aos veranistas brancos debaixo de guarda sóis. Os negros passam o dia servindo na praia. 
Segundo o IBGE, a Bahia é o estado com a maior concentração de pretos do Brasil, 22,4%. O Rio de Janeiro tem 16,2% e Tocantins 13,2%. Serrano do Maranhão é o município com a maior proporção de pretos do país 58,5%, seguido de Antônio Cardoso (55,1%) e Ouriçangas (52,8%), ambos na Bahia. Em apenas um município baiano, Dom Basílio, a participação percentual da população branca 50,9% superou o índice da população negra 49,0%. 
Alguns romances de Jorge Amado idealizaram uma realidade dos negros na Bahia que passa pela realidade que envolve violência, abandono e sofrimento. Em Os Capitães da Areia um grupo de meninos abandonados que vivem num trapiche, roubando para sobreviver. No livro, a triste realidade de crianças majoritariamente negras que ocupam as ruas do Brasil sofrendo todo tipo de violência e barbáries.
Bahia e Rio de Janeiro são portais históricos do Brasil. Mas negros e negras figuram como estatísticas ora pela violência, ora pelo desemprego, ora pela miséria. Até quando?

𝘊𝘳𝘪𝘴𝘵ó𝘷ã𝘰 𝘚𝘦𝘱𝘦𝘵𝘪𝘣𝘢