Resumo

O presente trabalho objetivou compreender a trajetória profissional de Luiz Furtado Coelho (1863-1956), professor e divulgador da ginástica sueca em Portugal no início do século XX. O período é fértil no debate sobre os métodos ginásticos na Europa, tendo Portugal participado de diversos espaços de discussão. Furtado Coelho teve contato com a ginástica esportiva e as outras práticas corporais como natação e esgrima desde sua adolescência, o que influenciou a investir sua carreira profissional como professor de ginástica, e esteve ligado diretamente ao movimento de divulgação e circulação da ginástica sueca em Portugal. Seu discurso sobre os métodos ginásticos e a educação do homem através do exercício da vontade se aproximava ao discurso de Per Henrik Ling. Conhecer Furtado Coelho, o que o levou a investir sua vida e profissão aos ensinamentos da ginástica sueca em Portugal e identificar quais espaços de discussões ele esteve presente, nos ajuda a compreender, em parte, como ocorreu a propagação do método sueco, que saiu do seu lugar de origem, atravessou o tempo e chegou em outros espaços que possuem outras realidades e sujeitos, por ali, enraizando-se. De certa maneira, compreender a forma como o professor acessou e se apropriou da ginástica sueca e como a divulgou em Portugal, nos ajuda a entender um dos caminhos pelo qual a ginástica de Ling circulou, desde Estocolmo, notadamente em língua portuguesa. Dessa forma, acessar fontes de sua autoria - A Gymnastica Sueca (1908), reportagens publicadas no Diário de Notícias do Rio de Janeiro (1931) e O Método do Sistema Sueco de Educação Física (1935) - bem como um conjunto de fontes em que Furtado Coelho foi citado (por exemplo, o livro de autoria de Fernando Pessoa intitulado "O Exórdio em prol da filantropia e da educação física" (1955) - ajudou-nos a conhecer o percurso profissional desse sujeito como professor, suas ideias como divulgador da ginástica sueca, e, também, reconhecer os sujeitos com quem Furtado Coelho estabeleceu relações: estudiosos da época, médicos, militares, professores e instrutores de ginástica – os quais, naquele momento, estavam inseridos no debate sobre a ginástica em Portugal. Permitiu também perceber os espaços de importância política e educacional que através das relações que foram estabelecidas, conferiram legitimação a Furtado Coelho, como professor e intelectual.