Resumo

 A massa muscular é um importante fator prognóstico no câncer. Entretanto, pouco se sabe sobre a influência do acúmulo excessivo de gordura sobre a massa muscular, à redução da força e pior desempenho físico. Este estudo teve como objetivo avaliar a composição corporal e a função física de mulheres com câncer de mama, com e sem obesidade.Métodos: Foram avaliadas 105 mulheres com diagnóstico de câncer de mama (54±9,5 anos), divididas em dois grupos: controle (n=68) e obesas (n=37; IMC ≥30 kg/m²). A composição corporal foi analisada por dobra cutânea tricipital e bioimpedância elétrica- BIA (massa livre de gordura - MLG, percentual de gordura - %G e massa muscular apendicular ajustada - MMA/m²). A força muscular foi avaliada pelo teste de sentar e levantar (TSL) e o desempenho físico pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6').Resultados: Mulheres obesas com câncer de mama apresentaram maior massa muscular estimada por bioimpedância, com aumentos de 13,6% na MMA/m² e 12,5% na MLG, além de um %G significativamente mais elevado (+21,9%). Apesar de apresentarem mais massa magra, mulheres obesas com câncer de mama também apresentaram excesso de gordura corporal, o que pode comprometer a qualidade muscular. Essa condição foi reforçada pela diferença significativa entre os vetores de impedância dos grupos (T = 7,8; p < 0,05), sugerindo alterações qualitativas da composição corporal, como maior adiposidade e possível redução da integridade celular ou da funcionalidade muscular. Além disso, as mulheres obesas apresentaram pior desempenho funcional, percorrendo 9,8% menos distância no TC6' e demorando 11,9% mais tempo no TSL (p = 0,06).Conclusão: Embora apresentem maior massa magra, mulheres com câncer de mama e obesidade também apresentam elevado acúmulo de gordura corporal. Esse excesso pode comprometer a qualidade muscular, possivelmente por infiltração de gordura, e contribuir para pior desempenho físico

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