Marcadores sociais e atividade física no lazer entre adolescentes: uma análise exploratória sob a ótica da interseccionalidade
Por Rubenyta Martins Podmelle, (Autor), Rodrigo da Silva Almeida (Autor), Samanta Barbosa Feitosa (Autor), Carla Menêses Hardman (Autor), Daniel da Rocha Queiroz (Autor), Jorge Bezerra (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
INTRODUÇÃO: A interseccionalidade considera como diferentes marcadores sociais combinam-se para gerar experiências únicas de desigualdade. No Brasil, fatores como sexo, raça/cor e renda afetam a adoção de estilos de vida saudáveis, incluindo a prática de atividade física no lazer. Apesar da atividade física ser fator de proteção à saúde, desigualdades estruturais limitam seu engajamento, especialmente entre adolescentes. OBJETIVO: Analisar a associação entre marcadores sociais combinados e a prática de Atividade Física no Lazer (AFL) entre adolescentes. MÉTODO: Estudo transversal realizado com adolescentes de 14 a 17 anos matriculados em escolas públicas da Região Metropolitana do Recife (PE). A variável dependente foi a AFL, enquanto a independente consistiu em um escore baseado na combinação de três marcadores sociais - sexo, raça/cor e escolaridade materna - operacionalizado por meio do índice Jeopardy. Os grupos foram classificados em uma escala de 0 (mais oprimidos) a 1 (mais privilegiados). Os dados foram obtidos através do Global School-based Student Health Survey. Utilizou-se regressão logística binária na análise. RESULTADOS: Dos 753 adolescentes, 69% não praticavam AFL. Ainda, observou-se que adolescentes com maior privilégio social, representado por escores mais altos no índice Jeopardy, apresentaram maior chance de praticar AFL (OR = 2,38; IC95% = 1,32-4,29). Essa associação permaneceu estatisticamente significativa entre adolescentes de 16 a 17 anos (OR = 2,02; IC95% = 1,04-3,92). CONCLUSÃO: A partir dessa análise exploratória, é possível pressupor que adolescentes com maior acúmulo de privilégios apresentam maior chance de praticar AFL. Esses achados sugerem a necessidade de políticas públicas que promovam inclusão e equidade no acesso à atividade física, em consonância com a meta 10.2 dos ODS para reduzir desigualdades até 2030.