Integra

Radicalismos lingüísticos e formais à parte, o discurso e a prática da esquerda brasileira revelam que no seu bojo habita um perigoso espírito de conciliação, capitulação e entreguismo. A grande maioria dos intelectuais da educação física que outrora se proclamava de esquerda - marxista. Leninista, trotskista e até stalinista e bakuninista - deitou ao lixo seus princípios e toda a sua bagagem marxista anterior e assumiu a linguagem pós-modernista superficial e liberal, um misto de "direitos humanos" genéricos (direitos da mulher, das minorias, da liberdade sexual, dos povos, dos gorilas de montanha, direitos de usar e abusar da maconha e de tudo que se coloca em semelhante nível).

A rigor, a esquerda transfugida predica uma espécie de aggiornamento do humanismo cristão refletido também de forma desmobilizante e reacionária nos sindicatos de trabalhadores, partidos políticos e instituições públicas deste século, empenhados em estudar simples recortes da realidade objetiva, sem nunca ir às suas raízes.

Esses mesmos intelectuais procuram esconder, por exemplo, o papel histórico da Revolução Soviética, Cubana, Chinesa e Vietnamita, na edificação, ainda que de forma precária, da utopia socialista no século XX. O que eles fazem é, renegando o socialismo e a sua inelutável necessidade para avançarmos para além dos erros e acertos do fracasso do socialismo real.

Rejeitam a análise marxista científica da história e do capitalismo, por ser, como dizem em suas salas de aula, jamais em público, antiquada e inservível (tese não defendida nem pelos próprios capitalistas). A rigor, renunciam o papel de desvendar e denunciar o caráter brutal do modo capitalista de produção da existência, que desde a sua globalidade histórica apontada por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista, como modo de produção encimado na rapina e exaustão da força de trabalho e da terra.

Moto contínuo, os intelectuais da educação física apologistas de teorias da educação novidadeiras, colocam algo suicida para as classes trabalhadoras, ou seja, aos oprimidos social e materialmente o neoliberalismo tão em voga é apontado como reflexo do capitalismo triunfante, entendido como o único futuro possível e que a ele devem aderir, procurando tirar-lhe pequenas fatias sem confrontos organizados.

Os transfugidos e inimigos do marxismo ignoram o seguinte princípio: ganhar terreno do inimigo (do capital e do Estado burguês) depende diretamente da relação de forças, isto porque, diante de uma posição de fraqueza organizativa, ideológica e armada, os capitalistas não outorgarão aos trabalhadores mais do que aquilo que convêm aos seus interesses.

E mais, vinculados fisiologicamente ao Estado capitalista, gerenciado por um metalúrgico pouco esclarecido, procuram fazer a classe trabalhadora cair no engano de que é possível chegar ao socialismo, ou até mesmo arrancar pedaços significativos do bolo econômico do capital, através da simples negociação ou do diálogo.

Aos 62 não tenho nenhum complexo de "dinossauro", assim, continuo a analisar a história em termos marxista-leninista e reclamar aos intelectuais da educação física, especialmente aos que ainda professam a político de esquerda, o uso e difusão da concepção materialista da história e da interpretação marxista da conjuntura social, admitida como único método e linha de ação a apontar a possibilidade de construção do caminho da libertação futura, alento à frustrante situação do trabalhador, à perigosa marcha empreendida pelo imperialismo norte-americano e à nauseabunda traição do Partido dos Trabalhadores e do Partido Comunista do Brasil às demandas da classe trabalhadora.

Jamais pensei em recuar no empenho de dizer aos jovens estudantes em particular e aos trabalhadores em geral que eles necessitam, e precisam exigir, das ferramentas marxistas por serem as únicas que lhes permitem conhecer e investigar a realidade (por mais dura que seja) e o único modo de poderem avançar criticamente rumando para a construção de um futuro justo e melhor, futuro comunista, onde, decerto, converter-se-ão em protagonistas do seu próprio devir.

Vila Velha (ES), 21/2/08

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