Resumo

A avaliação da aptidão física é um indicador do estado de saúde em crianças, sendo a escola um contexto estratégico para sua aplicação. Durante a pandemia, o uso de máscaras faciais foi amplamente recomendado para crianças, tornando-se comum em escolas e espaços públicos. Contudo, surgiram questionamentos quanto ao desconforto e aos possíveis impactos de seu uso. Nesse contexto, torna-se fundamental compreender os efeitos do uso de máscaras durante a realização de atividades e avaliações de aptidão física. OBJETIVO: Analisar os efeitos do uso da máscara na aptidão cardiorrespiratória (AFcr), na velocidade e na percepção de esforço (PE) de crianças. METODOLOGIA: Foram aplicados os testes de AFcr e de velocidade, bem como o registro da PE, em 111 crianças de 9 a 10 anos, em duas sessões alternadas (com e sem máscara). A análise dos dados foi realizada por modelos lineares mistos, considerando os fatores máscara, idade, sexo, prática de atividade física no contraturno e perfil de risco cardiovascular avaliado com base no índice de massa corporal. RESULTADOS: O uso da máscara reduziu significativamente a AFcr e aumentou a PE (p<0,001 e p=0,001, respectivamente), com interação máscara×idade apenas para a AFcr (p=0,021), afetando principalmente crianças de 9 anos. No entanto, não foram observados efeitos da máscara na velocidade (p≥0,108). CONCLUSÃO: O uso da máscara compromete a AFcr e eleva a PE, porém não afeta a velocidade. Assim, profissionais de Educação Física devem considerar a possível subestimação dos valores cardiorrespiratórios com máscara. Caso seu uso seja necessário, recomenda-se adaptar as aulas, priorizando exercícios com menor demanda cardiorrespiratória, como atividades de velocidade ou potência, enquanto exercícios aeróbicos devem ser prescritos com volume e intensidade adequados. Essa abordagem visa garantir a segurança e a eficácia das aulas, além de promover o bem-estar e a adesão das crianças à atividade física.

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