Resumo
Em um esporte como o futebol, no qual o desenvolvimento físico avançado é determinante para o resultado, os jogadores mais jovens estão em considerável desvantagem. O objetivo deste estudo consisitiu em comparar os aspectos morfológicos e motores de atletas de futebol de 13 a 16 anos baseados na maturação biológica. Participaram do estudo 30 atletas de futebol do sexo masculino (14,5 ± 0,6 anos; 171,2 ± 7,6 cm; 60,6 ± 8,4 kg; 14,5 ± 4,2 % de gordura corporal) com média de quatro anos de experiência na modalidade, pertencentes à equipes de futebol de Londrina. Os sujeitos foram submetidos à avaliações antropométricas, de composição corporal e testes motores para determinar força explosiva, velocidade, resistência de velocidade, resistência aeróbia e agilidade. Para determinação da maturação biológica e classificação dos grupos quanto ao estado de maturidade esquelética (13-14 anos; 15 anos; 16-17 anos), foi realizada radiografia de mão e punho, segundo o método de Greulich-Pyle. Para análise estatística, foi utilizada a ANOVA one-way para comparação entre grupos e o teste post hoc de Tukey para análise intra-grupos, além da análise de covariância (ANCOVA) para identificar o efeito da covariável idade esquelética nas diferenças entre grupos. Diferenças entre a distribuição das frequências de datas de nascimento observada e esperada foram analisadas pelo teste não-paramétrico Qui-quadrado (χ²). Utilizou-se o software SPSS 18.0 e o nível de significância adotado foi P<0,05. Foi evidenciado que o grupo 16-17 anos apresentou maior peso corporal (67,0±8,3 vs. 55,1±7,0kg), maior massa isenta de gordura (60,0±8,0 vs. 47,6±5,4kg), maior densidade mineral óssea e conteúdo mineral ósseo de corpo total (DMO: 1,25±0,10g/cm2, CMO: 3034±356,4g vs DMO: 1,11±0,60g/cm2, CMO: 2389±328g) e de pernas (DMO: 1,51±0,10g/cm2, CMO: 1329±145g vs. DMO: 1,30±0,10g/cm2, CMO: 1059,1±150g) e densidade mineral óssea de tronco (1,01±0,06 vs. 0,91±0,06g/cm2), quando comparado ao grupo 13-14 anos. Além disso, o grupo 16-17 anos obteve melhores resultados nos testes de salto livre (42,1±7,5 vs. 35,0±3,0cm) e salto sêxtuplo (14,3±1,0 vs. 13,0±1,0cm), velocidade 10 e 30m (1,80±0,07 vs. 1,96±0,11s; 4,23±0,16 vs. 4,73±0,15s) e resistência de velocidade (7,63±0,21 vs. 8,20±0,30s; 7,31±0,22 vs. 7,90 vs. 0,30s). Analisando o Efeito da Idade Relativa, identificou-se uma prevalência de atletas nascidos no primeiro trimestre do ano (56,7%). Portanto, concluiu-se que os atletas mais avançados na maturação biológica se sobressaíram quanto aos aspectos físicos e morfológicos, resultando em possíveis vantagens no desempenho do futebol, podendo excluir aqueles mais atrasados na importante fase de formação esportiva do atleta.