Media Criticism no Brasil: o Observatório da Imprensa
Por Afonso de Albuquerque (Autor), João Damasceno Martins Ladeira (Autor), Marco Antonio Roxo da Silva (Autor).
Em Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação v. 25, n 2, 2002. Da página 166 a 189
Resumo
Introdução
O presente texto retoma duas questões que foram desenvolvidas no artigo “Um Outro Quarto Poder: imprensa e compromisso político no Brasil” (Albuquerque, 2000): 1) qual(is) modelo(s) de jornalismo orienta(m), na prática, o trabalho dos jornalistas brasileiros? 2) como os jornalistas brasileiros definem o seu compromisso com a sociedade em geral ou com as instituições políticas em particular? Com relação à primeira questão, a hipótese aventada foi de que, diferentemente do que se costuma admitir, o jornalismo brasileiro não pode ser satisfatoriamente explicado como o produto de uma mera aplicação ou adaptação - mais ou menos eficiente - dos parâmetros do jornalismo americano, mas é o produto de uma reinterpretação – em muitos casos bastante radical – desses parâmetros, à luz de códigos particulares da sociedade brasileira. Quanto à segunda questão, sugerimos que, na ausência de uma base de valores comuns tão sólida como a que existe nos Estados Unidos, os jornalistas brasileiros tendem a interpretar o modelo do “Quarto Poder” de modo totalmente distinto dos seus colegas americanos. Para estes, a imprensa teria um compromisso fundamental com a preservação das regras do jogo (e particularmente com o equilíbrio dos três poderes), e sua atuação se daria no sentido de informar os cidadãos, de modo a permitir-lhes decidir conscientemente (Cook, 1998). Os jornalistas brasileiros, por sua vez, definiriam a sua responsabilidade política em termos bem mais ativos: tratar-se-ia de colaborar na implantação ou manutenção de uma ordem sempre percebida como instável. Neste sentido, simplesmente informar os cidadãos não seria o bastante. Seria preciso formá-los de modo a que eles pudessem desempenhar corretamente o seu papel na democracia.