Megaeventos esportivos, legados e esporte no Brasil: a imagem da política

No ano de 2007, a FIFA apresentou de forma oficial o Brasil como sede da Copa do Mundo de Futebol Masculino FIFA 2014. Em 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A partir daí, as expressões “megaevento” e “legado” passaram a figurar no cotidiano brasileiro, seja por sua representação na opinião pública, mídia, política ou outras esferas da sociedade, os termos ganharam destaque e se constituíram em um material profícuo para discussões no campo de produção do conhecimento. Entende-se como legado de megaeventos esportivos o conjunto de elementos e resultados gerados, de forma direta ou indireta, em esfera nacional e regional, tangíveis ou intangíveis, reconhecidos e elaborados no decorrer do processo, que alteram de modo permanente o contexto em que ocorrem (CGEE, 2013). A mobilização em torno dos megaeventos está relacionada a representação dessa política frente a sociedade. Esse movimento encontra eco no conceito de imagem da política, proposto por Baumgartner e Jones (1993), segundo o qual representa ideias de um grupo coeso, consistente, que justificam os arranjos institucionais, possibilitando que a compreensão da política seja reproduzida entre os membros de uma comunidade (Capella, 2005, 2018). Para Carvalho (2013), no contexto do esporte, essa imagem indica o modo como uma política é entendida e debatida, incentivando a construção de ideias sustentarão os acordos e ajustes institucionais. No processo de mobilização para a realização dos megaeventos esportivos no Brasil, ideias foram atreladas a aspectos políticos, econômicos e culturais, obtendo o apoio de diversos atores sociais. No que diz respeito à aceitação da imagem política, Sudano (2018) afirma que, quando ocorre a adesão de determinadas políticas por uma comunidade e especialistas, havendo mobilizações institucionais para a manutenção das ideias, manifesta-se o monopólio de política. Parte-se do pressuposto de que as ideias de legados, sustentadas a partir de um monopólio de política serviram para fundamentar e legitimar as ações atreladas aos megaeventos esportivos.