Resumo
Originados como um ritual em homenagem a Zeus, os Jogos Olímpicos representaram para os atletas da Antiguidade uma forma do ser humano alcançar uma condição divina, caracterizada pela permanência. Recriado no final do século XIX os Jogos Olímpicos enfrentaram diversas dificuldades de estabelecimento até conquistar a condição de um dos principais fenômenos socioculturais contemporâneos, que atravessou o século XX acompanhando par e passo a dinâmica social e os interesses comerciais e políticos que foram sendo agregados a esse evento. Os atletas contemporâneos, que em princípio tiveram sua condição social e identidade associadas a amadores, amantes da prática esportiva e representantes de um grupo social que se dedicava exclusivamente às realizações atléticas, viram esse papel ser alterado em função das transformações às quais os Jogos Olímpicos foram submetidos. O objetivo desse trabalho é analisar o imaginário esportivo brasileiro sob o olhar dos atletas medalhistas olímpicos, a partir de suas histórias de vida. Por meio dessas histórias é possível atentar para as transformações ocorridas no ideário olímpico ao longo do século XX e os desdobramentos desse movimento na organização e manifestação do esporte brasileiro. O fio condutor para refletir sobre tais questões são as concepções de relações de poder, elaboradas a partir da instituição imaginária da sociedade, e as diferenças e identidades no sentido em que são problematizadas e elaboradas por teóricos dos Estudos Culturais. O instrumento de investigação utilizado nessa pesquisa é a história de vida tida como uma forma particular de história oral que capta e organiza a memória, que interessa ao pesquisador por aprender valores que transcendem o caráter individual do que é transmitido e que se insere na cultura do grupo social ao qual o sujeito que narra pertence.