Resumo

A Educação Física na Educação de Jovens e Adultos ainda é um componente curricular marginalizado. Guardando as devidas proporções, se confunde com os desafios da própria EJA, no que diz respeito à falta de políticas públicas que garantam viabilidade e continuidade da Educação Física nessa modalidade de ensino. Diante dessa problemática, a presente pesquisa teve como objetivo investigar como a cultura corporal pode contribuir com o sentimento de pertencimento e valorização da EJA, assim como, promover a construção da cidadania e inclusão social. A metodologia da pesquisa de natureza qualitativa, teve a pesquisa-ação como meio para a coleta de dados. O diário de campo foi utilizado como importante instrumento para registros das informações, organização e análise de dados. Também foi utilizado como recurso secundário as gravações de áudio por meio de aparelho celular, para melhor compreensão de algumas falas. Participaram da pesquisa vinte e dois estudantes da EJA, da etapa básica de alfabetização de uma escola da rede municipal de São Paulo. A unidade didática abrangeu a temática dos jogos, danças e brincadeiras e foi aplicada durante dois meses, totalizando quatorze aulas. Após os registros, organização e análise de dados, o conjunto de informações indicou temas relacionados às memórias, às brincadeiras de infância, as dificuldades socioeconômicas, constituindo assim duas categorias: “As memórias como corpo coletivo” e “Qual é o lugar do corpo na EJA?”. Como referencial teórico buscou-se pelo debate de autores alinhados aos estudos culturais e a pedagogia crítica, na perspectiva de trazer o olhar investigativo em direção às práticas corporais que fortaleçam as experiências e memórias coletivas na perspectiva de potencializar uma elaboração de modos de ser e agir no mundo. Para tanto, perguntou-se: qual a importância do corpo na escola? Qual a importância do corpo do estudante trabalhador na construção de conhecimentos? E qual a contribuição da Educação Física para esses estudantes? Constatou-se que as histórias de vida compartilhadas, assim como as vivências de práticas corporais por meio dos jogos, danças e brincadeiras contribuíram para a valorização dos conhecimentos lúdicos, das experiências do brincar livre, da expressão da criatividade, marcados na memória como um corpo único, diverso e reflexivo. Evidenciou-se o desejo de continuidade das aulas, o sentimento de pertencimento e a necessidade de ampliar as reflexões das temáticas emergentes. Espera-se com os resultados obtidos, que a Educação Física na EJA possa ter seu espaço ampliado para além de documentos e discussões, com políticas públicas que garantam o direito dos(as) estudantes de participarem efetivamente das aulas, respeitando as especificidades desse público.

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