Resumo

O presente artigo examina o caso de uma iniciativa institucional voltada à preservação da memória dos Jogos Olímpicos de Verão Rio 2016. Procura-se mostrar de que maneira, em paralelo às ações governamentais e à performance dos atletas durante o torneio realizado no Rio de Janeiro, houve um notável investimento de parte da instituição no sentido de salvaguardar o registro dos acontecimentos desse até então inédito megaevento esportivo no Brasil, ocorrido pela primeira vez da sua história em uma cidade da América do Sul. Em que pese uma série de críticas e questionamentos feitos à organização das Olimpíadas por parte da opinião pública, e mesmo de parcelas da Academia, salientam-se aqui os esforços de uma rede de pesquisadores com vistas a construir e a fixar uma memória coletiva em torno do evento. Para destacar esse aspecto, incluído na chave nativa de um “legado”, mobilizaremos o exemplo paradigmático da Fundação Casa de Rui Barbosa, que, em conjunto com o FGV CPDOC, desenvolveu um amplo programa de acompanhamento e cobertura dos Jogos durante o ano de sua realização. Com efeito, abordaremos de início o conceito de memória e, em particular, do que denominamos “memória esportiva”.

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