Resumo

Esta é uma pesquisa sobre as memórias da anatomia que toma como objeto a iconografia anatômica dos séculos XVI - XVIII, tendo como objetivos identificar as origens e transformações de uma suposta cultura da dissecação como paradigma epistemológico moderno e precisar a formação de um olhar anatômico sobre o mundo, celebrado, imaginado e realizado no corpo e através dele. No caminho, percorro as imagens dos lugares de celebração da cultura da dissecação, os chamados Teatros Anatômicos, experimentados pelas aulas e demonstrações anatômicas, onde analiso um ritual da racionalidade médica operando sobre o corpo. Neste mesmo movimento, detenho-me também nas ilustrações dos livros e atlas anatômicos e, perseguindo as suas memórias em pinturas e gravuras, encontro sentidos político-estéticos que modulam o corpo numa peculiar visibilidade. Estes sentidos político-estéticos podem ser compreendidos como uma educação para o olhar anatômico. A pesquisa analisa os mecanismos de imaginação do corpo na arte e na medicina, mecanismos que constroem um programa de racionalização máxima do corpo, preparando-o para ser capitalizado como coisa no mundo moderno. 

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