Memórias de atenah: trajetórias de mulheres brasileiras na corrida de aventura
Por Fabiana Duarte e Silva (Autor), Ludmila Nunes Mourão (Autor), Marília Martins Bandeira (Autor).
Resumo
A corrida de aventura (CA) pode ser definida como uma competição multiesportiva que combina trechos de mountain bike, trekking, canoagem, técnicas verticais e orientação cartográfica. Ainda é um esporte pouco conhecido e de pouca divulgação na mídia. Acredita-se que isto ocorra devido a uma logística complexa, ao fato de se desenvolver em ambientes selvagens e com provas de longa duração. A CA, normalmente é praticada em equipes de duas a quatro pessoas. O quarteto misto, formação exigida no campeonato mundial, tem a obrigatoriedade de ter pelo menos um membro de sexo oposto aos demais. A formação com três homens e uma mulher, é a mais tradicional nas principais competições do Brasil e do mundo. Por esse motivo, Joanne Kay e Suzanne Laberge (2004), sugerem que o campo da CA se constitui em um lugar de legitimação da dominação masculina no esporte, a partir do momento em que as equipes são formadas em conformidade mínima com a regra de gênero, na configuração de apenas uma mulher, e nunca de três mulheres e um homem, por exemplo. Entretanto, neste esporte dominado por homens, uma equipe chamou atenção. A equipe brasileira Atenah (nome inspirado na deusa grega da sabedoria), formada exclusivamente por mulheres ou três mulheres mais um homem, competiu de 2000 a 2009. Esta pesquisa propõe investigar a trajetória de vida destas mulheres, atletas de corrida de aventura, integrantes desta equipe, única de que se tem notícia no Brasil, até hoje, formada exclusivamente ou em maioria por mulheres.