Resumo

Em 1993, pouco antes do surgimento do primeiro correio eletrônico gratuito no Brasil, Zipmail (1995), com as defesas da primeira leva de orientandos no PPGEF da Unicamp, para não perder a rica convivência desse grupo e dos novos orientandos que se seguiram, resolvemos organizar um Encontro, que eventualmente poderia se tornar periódico. O objetivo era não dispersar o conhecimento, a convivência e o contato construídos até então. Não seria surpresa que dos 34 trabalhos apresentados, 15 eram de orientandos meus em curso ou concluídos. A surpresa foi a presença de colegas de outras instituições, também surpreendidos pela inédita entrega dos Anais no início do evento, foram impressos apenas 50 exemplares, esse apreço para com a necessidade de apresentar um texto escrito prévio ao início do evento, dá a dimensão da preocupação com a produção e discussão dos trabalhos em andamento.

Convidamos para a conferência de abertura o Prof. José Sebastião Witter, então Diretor do Museu Paulista e professor emérito do Departamento e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Ao término do encontro, discutimos a possibilidade de continuidade, de tal maneira que em 1994 faríamos o evento na UEPG de Ponta Grossa e em 1995 na UFPR. Na avaliação final, resolvemos aprofundar o contato com outras áreas de conhecimento, aproximação que se mostrou vital para o desenvolvimento das pesquisas do evento, decidimos também passar a convidar colegas para comporem uma comissão de avaliação do evento, o que se verificou já em Ponta Grossa no ano seguinte.

Se em Curitiba privilegiamos o contato com historiadores, já no UFMG onde se realizaria o quarto encontro, a prioridade foi o contato com historiadores da Educação. Desde Ponta Grosa, contamos com participantes do Chile e 41 trabalhos apresentados para impressão e distribuição prévia, além de avaliadores externos que nos ajudaram a construir uma dimensão mais ampla do processo em curso. Continuar aperfeiçoando e publicando os Anais, dedicar maior esforço à presença de conferencistas de outras áreas de conhecimento. O evento de Ponta Grossa foi fundamental para consolidar o grupo inicial de participantes e indicar as direções de ampliação da rede que se formava. Estávamos nos tornando um ponto de encontro de pesquisadores com uma perspectiva mais ampla. Denominado inicialmente de Encontro de História da Educação Física e do Esporte, agora nos identificávamos com Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física.
Em Curitiba 1995, com os Anais financiados pelo Banco do Brasil, com quatro conferencistas (dois historiadores e dois sociólogos), 69 trabalhos impressos nos Anais, o Evento se consolidou como ponto de encontro de pesquisadores da área de Estudos Sociais relacionada aos Esportes, Educação Física e Lazer. UFMG e Belo Horizonte marcaram uma aproximação com historiadores da Educação, afinal ali se encontrava um dos mais prestigiosos programas de Pós-Graduação em Educação, os Anais com 84 trabalhos publicados apoiados pelo Indesp, consolidava definitivamente a dimensão e crescimento da área. Foram muito relevantes a publicação da avaliação efetuada por convidados externos nos eventos anteriores, bem como as sugestões da Comissão Organizadora a partir de avaliação dos participantes. Os IV, V E VI Encontros implicam uma reflexão mais acadêmica e menos rememorativa, são pontos de inflexão do processo.

Uma característica desse grupo foi não constituir uma associação com estatutos e coisas decorrentes, naquele momento, julgamos acertadamente que abrir essa discussão implicaria em perder alguma coisa da dimensão acadêmica do evento. Desta maneira os organizadores de cada um dos eventos teriam total liberdade de fazê-lo tal como julgassem conveniente, seria uma oportunidade de conviver com diferentes culturas de diferentes programas e regiões do país. Sugiro entrevistar os organizadores de cada um dos eventos para constituir um acervo de diferentes experiências e memórias.

Este é um aspecto fundamental para alertar aos jovens que tem me procurado para entrevistas e depoimentos sobre as memórias destes eventos, da atuação inicial como mediador e articulador de diferentes grupos de pesquisa, meu papel na organização dos eventos foi regredindo, na medida em que a autonomia de organização demonstrou ser o melhor caminho para a convivência da diversidade de propostas e, como não dizer, das ricas e diferenciadas maneiras de conduzir estes encontros, quer privilegiando uma determinada temática, diferentes conferencistas ou, como ficou bastante marcado com o congresso organizado pela Gama Filho, um maior contato com conferencistas do exterior.

Parabéns a todos que organizaram estes encontros, somos todos responsáveis e, com eles, divido as homenagens recebidas.

Acessar Arquivo