Resumo

A história do ensino da Educação Física, em Belo Horizonte - de 1897 a 1994 - considerou os contextos mineiro e brasileiro e teve como categoria central de análise as relações de género. A compreensão do género implicou a inter-relação de símbolos culturais, conceitos normativos, instituições e organizações sociais e da identidade subjetiva dos sujeitos masculinos e femininos. Tendo os credos e as classes sociais como fatores que interferem nas relações de género, o estudo contemplou quatro escolas públicas de Io e 2o Graus e três particulares, sendo duas católicas e uma metodista. Contemplou, ainda, uma escola de Educação Física, buscando compreender as relações de género no ensino para o ensino da Educação Física. Os documentos escritos, orais e iconográficos revelaram que a escola vem mantendo a separação e a hierarquização entre homens e mulheres, através de diferentes mecanismos. E a Educação Física - ao determinar turmas separadas por sexo, conteúdos diferenciados para homens e mulheres, professor para alunos e professora para alunas e ao caracterizar sexualmente os gestos, entre outras normas - explicita valores sacralizados pelo património cultural da nossa sociedade. Tais valores são articulados e orientados por um sistema de instituições e organizações que inclui, especialmente, o Estado, a Medicina, o Exército, a Igreja Católica, a Família e a Indústria cultural. A ação pedagógica da Educação Física, contribuindo para a coisificação do corpo, participa da construção social dos sujeitos masculinos e femininos e da castração do sentido de totalidade corpo dos sujeitos - homens e mulheres. A história construída, ao mesmo tempo que mostra sinais de perpetuação das relações de género hierarquizadas, com dominação masculina, revela, também, lentas mudanças, nessas mesmas relações, e, ainda, as resistências por elas geradas.

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