Integra

Existe a tentação de tirar conclusões socio-lógicas dos resultados das Olimpíadas e usar o quadro de medalhas como uma es-pécie de placar político. O fato de Cuba ser o único país deste lado do mondo, além dos Estados Unidos, a se colocar entre os 20 mais vi-toriosos nas Olimpíadas de Sydney, muito na fren-te de México, Brasil e Argentina — para não falar do Canadá — significa alguma coisa, certo, mas o que significa o Brasil estar na frente da Dinamarca? Deve-se resistir à tentação cio sodologismo rápi-do. O fracasso do modelo econômico imposto à América Latina se mede em desespero e miséria, não em falta de apoio ao esporte ou de medalhas. Pelo menos dos maus resultados na Austrália não se pode culpar a pseudo-social-democracia . po-der. Já numa hipotética modalidade de corrupção sem barreiras, o Brasil de Efe Agá levaria o ouro. a prata e o bronze — para a Suíça.

Entende-se que Cuba, cujo sucesso esportivo é uma forma de implicar com os Estados Unidos, siga o modelo socialista e use o esporte como agregador e como expressão política, mas quase sempre a mobilização nacional por melhores resultados olímpicos tem algo de apelo fascista ao orgulho tribal e é sempre feito com o sacrifício de prioridades. Devíamos, isto sim, começar uma campanha para nos igualarmos à Dinamarca. Descobrir como eles fasem para ganhar tão poucas medalhas olímpicas e terem aquela qualidade de vida. e fazer o mesmo. Menos medalhas nas próximas Olimpíadas! Mas ê curioso— está aí, não resisto à sociologia em cima da perna — que nos últimos tempos o maior sucesso esportivo do Brasil tenha sido no ténis, no automobilismo, na vela e no hipismo. Nossa porção belga tem se saído bem —melhor. que a própria Bélgica, aliás. Nossa porção indiana é que fracassa. 

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