Resumo

O objetivo deste estudo foi compreender a relação entre a percepção da imagem corporal e a prática de exercício físico de/por mulheres trans. A pesquisa se caracterizou como descritiva de campo e de natureza qualitativa. Contamos com 12 participantes, moradoras das cidades do Rio de Janeiro e Niterói/RJ, que foram organizadas por amostragem não-probabilística autogerada. Para coleta de dados, utilizamos uma entrevista semiestruturada, posteriormente gravada e categorizada em quatro blocos: 1- O ser que se constrói, onde refletimos sobre os referenciais de beleza feminina que contribuem na construção da imagem corporal das participantes, as quais desenvolvem um intercâmbio dinâmico entre as partes da imagem corporal de outras pessoas com a sua própria imagem; 2- Medicalizando o corpo generificado, onde constatamos a terapia hormonal como uma experiência comum para todas participantes e baseia-se no uso de estrogênio e/ou antiandrogênios para promover alterações fisiológicas e inclusive, comportamentais. Das 12 participantes, somente três mantém acompanhamento profissional; 3- Estigmas e preconceito, onde apontamos relatos de vulnerabilidade social que variam de acordo com a passabilidade, pois a incongruência aos estereótipos de gênero favorece a uma fatal marginalização; e 4- Uma garota trans fitness, marcado pelos efeitos da terapia hormonal e seus impactos significativos às participantes de alto rendimento físico, o que interfere não só na performance, mas também na imagem corporal das participantes. Pudemos inferir que a prática de exercícios físicos para mulheres trans apresentam obstáculos em razão da discriminação imposta pela sociedade. Elas, entretanto, ressignificam a opressão em resistência, ocupam espaços e ampliam seu território. E, por fim, os exercícios favorecem a materialização da imagem idealizada e que se reflete em seu corpo físico, em um processo dinâmico, constante e revolucionário, que questiona a heteronormatividade e lhe atribui múltiplas nuances de (re)existências.

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