Metabolismo Energético Mitocondrial em Tecido Adiposo Branco de Mulheres com Obesidade, Submetidas a Treinamento Físico
Por Camila Fernanda Costa e Cunha Moraes Brandão (Autor), Flavia Giolo de Carvalo (Autor), Marcia Varela Morandi Junqueira Franco (Autor), Gabriela Batitucci (Autor), Anderson de Oliveira Souza (Autor), Ellen Cristini de Freitas (Autor), Luciane Carla Alberici (Autor), Julio Sergio Marchini (Autor).
Em 43º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A obesidade, doença multifatorial, ocasiona inúmeros distúrbios no metabolismo lipídico e energético, provocando disfunção na bioenergética mitocondrial. Esta disfunção mitocondrial, resulta em desequilíbrio entre lipólise e lipogênese, produção de radical de oxigênio e ineficiência da fosforilação oxidativa. Enquanto,oexercício físico promove alterações fisiológicas e metabólicas, como biogênese mitocondrial e aumento da eficiência da fosforilação oxidativa. A partir deste fato, o presente estudo teve como hipótese que: o desequilíbrio na bioenergética mitocondrial e as alterações metabólicas causadas pela obesidade são terapeuticamente modificados com o treinamento físico. Objetivo: Avaliar a capacidade oxidativa e conteúdo mitocondrial em tecido adiposo branco, a composição corporal, desempenho físico e taxa metabólica de repouso (TMR) de mulheres com obesidade submetidas a treinamento físico combinado.
Materiais e métodos: A casuística do presente trabalho foi composta de 14 mulheres adultas jovens com diagnóstico clínico de obesidade (IMC 33±3 kg/m2 e idade 35±6 anos). Foram submetidas a um programa de treinamento físico combinado (exercícios aeróbios e força alternadamente, 55 min à 75-90% da frequência cardíaca máxima, 3 vezes por semana, durante 8 semanas). Todas as participantes foram avaliadas antes e após a intervenção com o treinamento, quanto a: composição corporal (óxido de deutério, analisado em espectrometria de massa), TMR, oxidação de substratos (carboidrato e lipídios) e quociente respiratório (QR) (calorimetria indireta), desempenho físico (Vmax), capacidade oxidativa (respiração acoplada: VADP/VOLIGO, e respiração desacoplada: VOLIGO/VCCCP), conteúdo mitocondrial (enzima citrato sintase, CS) e proteína desacopladora 1 (UCP1) em tecido adiposo subcutâneo. Os dados estão expressos em média e erro padrão da média, e apresentados o valor de delta percentual (mudança entre pré e pós), foram analisados pelo test t pareado ou Wilcoxon após determinação da normalidade da amostra, e o teste de Spearman ou Pearson para análises de correlações entre dados, considerado nível de significância p≤ 0,05. Resultados: Após a intervenção com treinamento físico combinado, houve o aumento da atividade da enzima CS (marcador de conteúdo mitocondrial), redução à respiração desacoplada (VOLIGO/VCCCP) e UCP1 (Figura 1). Além disso, houve o aumento da TMR (38%), oxidação de lipídios (70%) e Vmax (8%), com redução da oxidação de carboidratos (-40%) e QR (-7%) (p<0,05). Apesar destas alterações fisiológicas e metabólicas, não houve perda de peso e alteração significativa na composição corporal (p>0,05). Também foram encontradas correlações positivas entre atividade CS com desempenho físico oxidação lipídica (Figura 1). Conclusão: Foi observada uma baixa taxa da capacidade oxidativa mitocondrial em tecido adiposo de mulheres com obesidade, porém, o treinamento físico promoveu aumento do conteúdo mitocondrial e redução da respiração desacoplada, assim como da UCP1. Mostrando um comportamento diferente do que é encontrado em células musculares e em pessoas eutróficas. Além destes marcadores bioquímicos, foi possível observar que apenas 8 semanas de treinamento físico promoveu o aumento da TMR, oxidação lipídica e desempenho físico, independente da perda de peso. Logo, o exercício físico pode ser aliado ao tratamento da obesidade, principalmente, por promover alterações na bioenergética mitocondrial.