Resumo

A desnervação do músculo esquelético implica alterações do metabolismo da glicose bem conhecidas, porém, pouco se sabe sobre a influência dessas alterações na sensibilidade periférica à insulina do animal como um todo. O presente estudo visou analisar o metabolismo da glicose no músculo sóleo de ratos submetidos à desnervação bem como a resposta dos animais à insulina exógena e ao exercício. Ratos Wistar de três a cinco meses foram submetidos à secção do nervo ciático da pata direita. Após 48 horas, metade iniciou programa de natação, uma hora/dia, cinco dias/semana. Como controle foram utilizados animais íntegros, submetidos ou não ao exercício. Decorridos 28 dias, para a avaliação da resposta à insulina, os ratos foram submetidos ao teste de tolerância à insulina. Os resultados foram analisados através da determinação da taxa de remoção da glicose sanguínea (Kitt). Em outro lote de animais, fatias do músculo sóleo desnervado e da pata contralateral íntegra foram incubadas na presença de glicose (5,5mM), contendo [3H]2-deoxiglicose (0,5µµCi/mL) e [U14C] glicose (0,25µCi/mL) e insulina (100U/mL), para análise de captação, oxidação da glicose e síntese de glicogênio. Ratos desnervados submetidos ao exercício apresentaram Kitt (%/min) superior (7,22 ± 0,49) aos dos sedentários (5,31 ± 0,22) e dos controles sedentários (4,53 ± 0,27). A captação da glicose (3,55 ± 0,21 µmol/g.h) pelo músculo desnervado foi inferior à do músculo contralateral no rato sedentários (5,12 ± 0,38 µmol/g.h). O exercício crônico elevou a captação e a oxidação da glicose no músculo desnervado (captação: 5,70 ± 0,41, oxidação: 20,54 ± 1,97) e contralateral (captação: 6,53 ± 0,37, oxidação: 20,39 ± 1,91). O mesmo aconteceu com o grupo controle exercitado. Esses resultados sugerem que alterações restritas do metabolismo glicídico muscular influenciaram a resposta à insulina do animal como um todo. Além disso, o exercício melhorou o aporte e a utilização da glicose no músculo desnervado.

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