Resumo

Esta pesquisa se estrutura no horizonte da consciência corporal, do homem
biológico, psicológico e social. A justificativa para o seu desenvolvimento está
nas contribuições epistemológicas e metodológicas que, espera-se, ela venha a
trazer para os estudos dos aspectos subjetivos do corpo. O elemento
organizador do corpo teórico da tese é a hipótese de que a teoria psicanalítica,
através dos conceitos de seus representantes máximos, Sigmund Freud e Jacques
Lacan, pode fornecer a base inicial necessária para a aproximação, compreensão
e trato do corpo que carece de atividade física, ou que pratica atividade física
regular: o corpo que, como se diz popularmente, malha. O método utilizado,
num primeiro momento, foi o de análise da narrativa teórica. Foram
privilegiados alguns textos psicanalíticos cujos referenciais estão voltados para
o entendimento dos conceitos teóricos básicos necessários para o trabalho,
tais como inconsciente, narcisismo e imaginário. A idéia foi articular esses
conceitos ao objeto principal da pesquisa, que é o corpo em movimento. Temas
do cotidiano (descrições de situações, eventos, pessoas, interações e
comportamentos observados), o discurso do corpo na publicidade, entrevistas
em profundidade, entrevistas superficiais, além da nossa própria imersão no
universo da educação física e da prática das atividades físicas, nos permitiram
aproximações e aprofundamentos significativos para que pudéssemos concluir
a jornada. A tese sustentada, de natureza qualitativa, está baseada na
compreensão de que o corpo andarilho, aquele que pratica atividade física
regular, entra em contato com algo que proporciona um bem-estar fugidio,
um estado de consciência que precisa ser constantemente reencontrado, reelaborado. Os resultados indicam que o andarilho é fruto das marcas do
inconsciente que se expressam, fundamentalmente, através do imaginário; a
metamorfose acontece no tempo e no espaço do afeto. Sendo assim, apontamos
que é preciso ir além do que o discurso da racionalidade biológica da educação
física, assim como o discurso do senso comum, concebem, hoje, como
consciência corporal. Possuímos uma natureza biológica a ser considerada; no
entanto, temos ainda, determinando os destinos, um corpo sensível, que possui
consciência, porém limitada.

Acessar Arquivo