Método Session Rpe Como Ferramenta de Controle de Carga Interna no Treinamento Funcional
Por Luis Felipe Milano Teixeira (Autor), Tatiana Marinho da Silva (Autor), Isadora Cristina Ribeiro (Autor), Marco Carlos Uchida (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: O treinamento funcional (TF) vem sendo muito utilizado pelos profissionais de educação física em razão de sua eficácia em desenvolver aspectos relacionados à saúde e à performance de indivíduos de diferentes perfis. Contudo, apesar do crescimento na aplicação desse método, evidencia-se a falta de estudos e pesquisas relacionadas ao controle de intensidade nesse tipo de atividade, o que dificulta a ação do profissional na prescrição, monitoramento e controle das cargas ofertadas em uma sessão de TF. Por outro lado, o método de controle de carga interna denominado Session RPE (Foster et al., 2001) tem sido referenciado como uma ferramenta prática e eficaz para determinação das cargas de treinamento em sessões de diversos métodos. Objetivo: Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi verificar a efetividade do método Session RPE como ferramenta de controle de carga em sessões de TF em diferentes intensidades. Métodos: Para tal, fizeram parte desse estudo cinco voluntários homens, saudáveis, ativos fisicamente e livres de qualquer lesão musculoesquelética (28,4±8,6 anos; 78,06±12,9kg; 20,7±6,6% de gordura) e com experiência mínima de 6 meses em TF. Todos foram submetidos a seis sessões de TF, separadas por no mínimo 72 horas entre elas, divididas em três diferentes intensidades (2 sessões em intensidade leve; 2 sessões em intensidade moderada; e 2 sessões em intensidade forte). Todas as sessões eram exatamente iguais em relação aos exercícios aplicados, a ordem de execução e ao volume total de treinamento, diferiram apenas na intensidade, determinada pela cadência de realização dos exercícios (Tabela 1). Antes de todas as sessões os voluntários tinham a frequência cardíaca (FC) monitorada em repouso (após 10 minutos de repouso absoluto) e a cada minuto de exercício (Frequencímetro Polar®). A partir de tal coleta foi possível determinar a frequência cardíaca média (FCM) da sessão de treinamento e a estimativa de intensidade relativa (%VO2Máx) (Desgorces et al., 2007). O lactato sanguíneo foi coletado antes do início das sessões e imediatamente após o seu término por meio de punção digital (Accutrend Lactato Roche®). A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi avaliada seguindo as recomendações de Foster et al., (2001) para o método Session RPE, onde, após 10 minutos do término da sessão de treinamento (Uchida et al., 2014), os indivíduos eram orientados a responder à pergunta “Como foi seu treino?” por meio da tabela de percepção de esforço (EPE/0-10). A Carga Interna de Treinamento (CIT) foi determinada de acordo com Foster et al., (2001). As comparações entre as sessões de treinamento de diferentes intensidades foram realizadas por meio do teste One Way Anova, com checagem de significância entre os grupos pelo método de Tukey, sendo considerado como significante p≤0,05. Resultados: Os resultados de FCM e %VO2máx apresentaram diferenças apenas entre as sessões leve (139,8±17,9bpm e 54,9±10,8%VO2máx) e moderada (153,3±19,7bpm e 66,3±10,8VO2máx) e entre as sessões leve e forte (156,1±21,0bpm e 67,9 ± 61,8VO2máx). Também foram encontradas diferenças significativas na concentração de lactato sanguíneo pré e pós entre os treinos leve (103,4±10,3%) e moderado (188,5 ± 18,8%), moderado e forte (237,5 ± 23,7%) e leve e forte. Do mesmo modo, em relação à PSE, foram encontradas diferenças significativas entre os treinos leve (2,5±1,0ua) e moderado (4,4 ± 1,9ua), moderado e forte (6,9 ± 1,6ua) e entre as sessões leve e forte. O mesmo foi encontrado em relação à CIT (leve: 100±43,2ua; moderado: 176±72,2ua; e forte: 276±66,5ua). Conclusão: Tais achados apontam que, de fato, os voluntários realmente foram submetidos a sessões de treinamento com intensidades distintas, uma vez que foram encontradas diferenças entre todas as sessões na lactacidemia, na PSE e na CIT, e que, a PSE e a CIT determinada pelo método Session RPE foram sensíveis para identificar as alterações de intensidade entre as sessões. Adicionalmente, os dados apontam que, provavelmente, a FC não seja o método mais eficiente para controle de intensidade em sessões de TF. Desse modo, concluímos que o método Session RPE é um meio seguro e efetivo para monitorar a intensidade em sessões de TF.