Resumo
Este trabalho teve como objetivo estudar métodos de identificação de limiar de transição fisiológica (LTF) a partir de protocolos progressivos intermitentes com pausa. Além disso, comparar os valores de velocidade, freqüência cardíaca (FC) e concentração de lactato sanguíneo ([La]) entre os diferentes métodos utilizados. Para tanto, participaram do estudo 10 atletas de futebol do sexo masculino, com idade média de 19,99 ± 1,75 anos. Inicialmente, cada atleta foi submetido a uma avaliação antropométrica (peso, estatura, dobras cutâneas) seguida de um teste progressivo intermitente com pausa (TPI) realizado em campo, para a identificação do ponto de deflexão da FC (PDFC), segundo limiar de lactato (LL2) e limiar de concentração fixa de 3,5mmol.l-1 (L3,5). O TPI iniciou com velocidade de 9km/h com incrementos de 1,2km/h a cada estágio. Os estágios foram compostos por 10 corridas de ida e volta, iniciando com 15m e aumentando 2m a cada estágio. Cada ida e volta teve um intervalo de 6 segundos e os estágios em que eram realizadas as coletas de sangue tiveram 45 segundos de pausa. Este protocolo foi modificado a partir do proposto por Carminatti et al (2004). A FC foi monitorada durante todo o teste pelo do frequêncímetro marca Polarâ (modelo S610i), sendo registrada a final de cada estágio. Neste mesmo momento, também eram coletados 25ml de sangue do lóbulo da orelha para análise da [La] no analisador portátil Yellow Springs® (modelo 1500). Em um segundo momento, foi realizado um exercício de alta intensidade para indução da acidose lática (BAKER et al, 1993) e após um intervalo de 8 minutos os sujeitos realizaram o TPI conforme descrito acima. Novamente foram registrados os valores de FC e [La] ao final de cada estágio. A partir deste teste foi identificado o limiar de lactato mínimo (LM) (TEGTBUR et al., 1993). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através de análise de variância seguida pelo teste de Scheffé e correlação de Pearson, sendo adotado o nível de significância de p<0,05. Os resultados evidenciaram a possibilidade de identificação do LTF no TPI, por meio dos métodos PDFC, LL2, L3,5 e LM. Além disso, não foi verificada diferença significativa entre as variáveis velocidade e FC nos diferentes métodos empregados. Por outro lado, a variável [La] no PDFC (4,4 ± 1,4mmol.l-1) apresentou-se significativamente mais elevada em comparação à [La] no LL2 (2,6 ± 0,3mmol.l-1), mas não no L3,5 e no LM (3,5 ± 1,5mmol.l-1). A partir do teste de Pearson algumas correlações significativas foram encontradas para a FC entre L3,5 e PDFC (r= 0,72), L3,5 e LL2 (r= 0,91), LM e LL2 (r= 0,82) e LM e L3,5 (r= 0,92). Para a velocidade também foram observadas correlações significativas entre LL2 e PDFC (r= 0,69), L3,5 e PDFC (r= 0,92), L3,5 e LL2 (r= 0,72). No entanto, para a [La] não houve correlação significativa entre nenhum dos métodos utilizados. A partir destes resultados pode-se concluir que é possível a identificação do LTF em protocolo progressivo intermitente com pausa e que, aparentemente, todos os métodos se mostraram adequados. No entanto, resta a necessidade da confirmação do máximo steady state de lactato nas velocidades correspondentes a cada um destes métodos.