Integra

O que fica de quem morre? Lembranças, boas ou más, muitas ou poucas. Do meu querido amigo Adroaldo Gaia, que morreu ontem, muitas e boas, entre elas, seu entusiasmo pela vida, que se manifestava na relação com os amigos e familiares, na música e na Educação Física. Dividi com ele, nos últimos anos, eu com minhas doenças, ele com as dele, muitas coisas: ideias, textos, conversas, comidas e música. Sou curioso no pandeiro, ele na flauta. Chegamos a tocar juntos na casa dele e em um boteco. Ele era tão entusiasmado que passou os últimos tempos me contando o quanto estava melhorando da terrível doença que o levou, o câncer. Nunca falei com ele que não me dissesse que estava melhorando. Adroaldo é daqueles que morrem de tanto viver, não deixa sobras, apenas boas lembranças. Me encrenquei com ele uma vez que eu disse que choro com o olho esquerdo. Pois hoje meu olho esquerdo está chorando mais que nunca e ele, lá onde estiver, deve estar discordando de mim com o mesmo entusiasmo brincalhão de sempre. Adeus amigo, saudades, muitas saudades!