Resumo
Nosso objeto de estudo baseou-se nos discursos sobre o corpo e a estética masculina na mídia magazine, em especial, os discursos sobre um "novo tipo de homem" que está sendo chamado pela mídia de "metrossexual", por alterar padrões culturais de masculinidade. Um dos objetivos da investigação foi o de enfocar a dinâmica cultural de forma articulada com os elementos econômicos e políticos no atual contexto sóciohistórico.O corpus de análise foi composto por 38 seqüências discursivas, destacadas de doze textos que abordavam o assunto em revistas destinadas para um público genérico (Veja, Época e Galileu) e revistas segmentadas masculinas (Playboy, G Magazine e Trip). Nossa pesquisa localiza-se no campo dos Estudos Culturais, como estudos de mídia, mais especificamente de estudos baseados em textos (ou interpretação textual). A análise dos dados foi desenvolvida sob o enfoque do paradigma marxista, utilizamos os referencias teóricos da Análise do Discurso (de orientação francesa), do materialismo cultural de Raymond Williams e da semiologia de Barthes e Durand. Os resultados da pesquisa nos levaram a inferir que as sociedades capitalistas contemporâneas têm produzido uma cultura da futilidade, do consumismo e da imagem, e que o corpo masculino passou a ser alvo de investidas cultural e econômica para vender cada vez mais produtos e serviços relacionados à indústria da beleza. O metrossexual foi uma reformulação semântica do conceito de masculinidade tradicional, com o intuito de dissolver a imagem de que só as mulheres ou os homens homossexuais é que são vaidosos e cuidam da aparência. O complexo ideológico das sociedades contemporâneas está ancorando os discursos sobre este novo tipo de homem na mídia. A premissa desse complexo ideológico contemporâneo é que tudo depende apenas do indivíduo, do seu esforço e sorte. Entre esses imperativos culturaisideológicos está a necessidade de se enquadrar ao padrão estético hegemônico com o fim de alcançar o sucesso profissional, pessoal e a própria felicidade. Ao mesmo tempo em que o sistema capitalista produz produtos e serviços para este novo tipo de homem consumidor, a cultura, via mídia, aquece a economia da indústria da beleza. Cultura e economia desenvolvem-se assim, de forma simbiótica. Enfim, produzem um narcisismo produtivo para o capital e destrutivo para o ser humano, uma vez que a cultura do consumo tem objetificado as relações sociais e desumanizado os homens contemporâneos.