Resumo

dentificar alguns mitos relacionados ao câncer, reconhecendo como isso se dá no contexto do corpo feminino acometido pelo câncer de mama. Pesquisa empírica, utilizando procedimentos qualitativos, tendo como suporte metodológico a Análise do Discurso (AD), em sua vertente francesa, representada no Brasil, por Eni Orlandi. Utilizamos como instrumento a entrevista semiestruturada, que foi feita com seis mulheres, participantes de grupo de apoio (Projeto Vida Presente), da cidade de Montes Claros, Minas Gerais. A idade das mulheres que representa a amostra do estudo varia dos 44 aos 66 anos, todas acometidas pelo câncer de mama, em processo de acompanhamento e que sofreram intervenção cirúrgica, ou seja, mastectomizadas. Tratamos desta maneira, pelos discursos (corpus) “das mulheres com câncer”, analisar para compreender o que realmente faz sentido para as mesmas e a mitificação, ou não, diante de tal posição, que se faz nova, que se constitui noutra. A partir dessas considerações e princípios é que buscamos compreender os sentidos postos pelas palavras, e aí não “somente palavras”, discursos, dentro de um contexto social específico, considerando as condições nas quais foram produzidos, fazendo significar-se. O câncer vem então acompanhado de um novo vivenciar, de uma certa “estranheza”, tanto por parte de quem se vê acometido pela doença, como por parte daqueles que diretamente estão envolvidos. Pela doença se toma consciência da morte. O olhar da sociedade, do outro, como coloca Hashiguti (2003) se faz primordialmente pelo corpo, que sobre ele tece opiniões, julgamentos, ações, provocando desta maneira reações, atitudes primeiramente de afastar estes olhares, de não precisar ser “visto”, ser “lembrado”, para então, ou não, buscar suportes no sentido de retomada de seus espaços.

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