Resumo

Este artigo apresenta e discute os perfis de três personagens-títulos das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa – Pelezinho, Ronaldinho Gaúcho e Neymar Jr., craques do futebol brasileiro – para evidenciar as diferentes formas de representação simbólica do futebol no imaginário midiático. A partir de um trabalho metodológico de monitoramento semiótico-discursivo das edições impressas de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, selecionaram-se algumas passagens para destacar as distintas nuances do conhecimento sobre o futebol veiculado nas narrativas, por meio de determinadas ocorrências sígnicas. São elas: características das personalidades dos heróis (sujeitos históricos) e suas bases parafrásticas e paródicas; figuratividades do futebol – presença da bola, aspectos sociais e pedagógicos do desporto, propaganda ideológica, estereótipos e índices morais e políticos subjacentes às narrativas. Com base nessa categorização e nas teorias da linguagem de Roland Barthes e Umberto Eco, identificamos que a revista do Pelezinho, proposta mais antiga do autor, concentra no personagem grande parte do repertório cultural do futebol brasileiro dos anos 70-80, condensando questões de linguagem e comportamento, assim como a disseminação dos saberes sobre o futebol e sua pedagogia, incluindo seus desdobramentos afetivos e sociais. Já as histórias de Ronaldinho Gaúcho e Neymar Jr. têm suas propostas encomendadas a partir de temas recorrentes da agenda midiática nacional dos anos 2000, com um menor comprometimento com os saberes acerca do futebol. Por meio de enredos pouco problematizáveis, as políticas editoriais dessas duas últimas tematizam amenidades do universo infantil, engrenam campanhas ideológicas, que reforçam estereótipos e padrões morais, geralmente extraídos da factualidade jornalística e/ou da mitologia midiático-esportiva brasileira.
 

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