Resumo
Diversos são os recortes pelos quais se tem analisado as questões da inclusão da pessoa com deficiência, sejam nas pesquisas desenvolvidas nos foros acadêmicos, ou nos debates sócio-político-econômicos. É nítida, no âmbito histórico, uma rápida evolução conceitual nas diversas publicações acadêmicas e políticas em que se apresenta o tema, principalmente nas últimas quatro décadas, o que tem proporcionado um redirecionamento no olhar e práticas direcionadas a inclusão desta população. No entanto, ao destacarmos as políticas expressas na legislação, confrontadas com as práticas, planejamento e articulações desenvolvidas nos municípios, nos defrontamos com uma realidade que expõe a desarticulação entre essas atividades, e principalmente, a quase completa ausência de instrumentalidades que possibilitem aferir sua eficácia. Se por um lado, as agências formadoras tentam desenvolver em seus graduandos conceitos que possibilitem uma sociedade inclusiva e que contemplem com um novo olhar a pessoa com deficiência, de outro lado, observamos o descompasso entre a intenção e a prática, e principalmente, entre os setores que planejam e os que gerem os processos inclusivos. Isto resulta em processos não racionalizados, com sobreposição de tarefas, de custeio ou de atendimentos, retrabalho, falta de atendimento pela inferência de que alguma atividade seja de outro setor, além de um conjunto de informações dispersas ou desconexas, e por fim, ausência de indicadores confiáveis que propiciem validação de resultados. Desta percepção decorre a necessidade de modelos de integração destes conceitos (oriundos da pesquisa e ciência) e práticas (presentes nos ambientes sociais) em uma ação que apresente sincronia e alinhamento com um ponto de convergência comum (as necessidades humanas), e que possibilitem rastrear a eficácia dos resultados das políticas públicas. O presente trabalho evoca o uso da metodologia de modelagem e desenho de processos orientadas a valor, aliada a uma abordagem de resolução de problemas complexos, como alternativa para o estabelecimento, mapeamento e verificação de indicadores de gestão de processos inclusivos, e monitoramento, validação e rastreabilidade de resultados das ações voltadas à inclusão. Concluímos, pela otimização de processos e resultados obtidos pela aplicação desta metodologia, ela se demonstrou útil para certificar municípios, entidades ou quaisquer outros níveis de recortes estruturais, aferindo e validando processos de inclusão, além de fornecer indicadores para correção e planificação das ações de formação ou indicação de áreas de carência em pesquisa e desenvolvimento, contribuindo para a eficácia, e não somente eficiência, das atividades desenvolvidas no sentido da inclusão da pessoa com deficiência.