Resumo
O presente estudo teve como objetivo, estabelecer o modelo da estrutura do desempenho esportivo por meio das adaptações antropométricas e motoras de atletas de equipe de voleibol masculino, adotando o ciclo de preparação da Seleção Brasileira Sub-19 para o Campeonato Mundial, no ano de 2005. A amostra foi intencional e composta por 12 atletas, com média de idade de 17,76+0,71 anos. Para o volume de treinamento, foi adotada a análise documental a partir de manuscritos elaborados pela comissão técnica. As variáveis analisadas nas três avaliações foram organizadas na seguinte ordem: Carga horária de treinamento; Antropométricas (estatura, massa corporal, somatória de sete dobras cutâneas, percentual de gordura); Potência de membros superiores (arremesso de “medicine ball” com três quilogramas); Potência de membros inferiores (saltos contramovimentos, “squat jump”, altura de alcance de salto de ataque e bloqueio, impulsão de saltos de ataque e bloqueio); Agilidade e resistência de velocidade (deslocamentos em 30m e 78m); Resistência muscular localizada (abdominais 30 segundos). Para verificar a influência do tempo de treinamento nas adaptações do desempenho foi utilizado o Modelo Linear Geral de Medidas Repetidas; para analisar e explicar a correlação entre as variáveis foi utilizada a Análise Fatorial das Componentes Principais. Os resultados encontrados permitem estabelecer as seguintes distribuições do volume de treinamento das categorias: treinamento físico: 94,92 horas (31,35%), treinamento técnico: 79,83 horas (36,32%), treinamento tático: 125,72 horas (41,53%) e o treinamento psicológico apenas 2,25 horas (0,74%). Em relação às variáveis e a influência do fator “treinamento”, na mudança das médias, identificamos valores com poder de observação superior a 99,9% para as variáveis estatura (F=93,15, p=0,000) e agilidade (F=26,08, p=0,000); 98,9% alcance de ataque (F=14,60, p=0,000); 97,4% resistência de velocidade (F=12,50, p=0,002); 96,3 % alcance de bloqueio (F=11,54, p=0,003); 91,1% impulsão de bloqueio (F=9,06, p=0,006); 89,7 % massa corporal (F=8,64, p=0,007); 86,3% resistência muscular localizada (F=7,79, p=0,009); 58,8% impulsão de ataque (F=4,12, p=0,050); 54,7% envergadura de bloqueio (F=3,75, p=0,061). O modelo das componentes principais produziu uma explicação da variabilidade total em cada avaliação (92,15% na primeira avaliação, 91,22% na segunda avaliação e 85,95% na última avaliação). O tempo destinado à duração das sessões de treinamento e a quantificação das categorias física e técnica demonstraram maior volume no período preparatório, com a finalidade de adaptar o organismo dos atletas para cargas mais intensas, conforme a aproximação do período competitivo. As adaptações durante a preparação demonstraram diferenças significativas e elevado poder de influência do treinamento nas variáveis antropométricas e motoras. O modelo do desempenho esportivo estabelece, com elevado percentual de variância nos três momentos de avaliação, a primeira componente (estatura e envergaduras de ataque e bloqueio), massa corporal e saltos específicos (alcance de ataque e bloqueio). Ao ser identificada a inter-relação entre as variáveis descritas, torna-se mais evidente a necessidade de se destinar maior atenção para os atletas mais altos, e consequentemente mais fortes.