Resumo
Os objetivos deste estudo foram monitorar as cargas de treinamento (CTs) e o bem-estar de atletas da Seleção Brasileira de GR de Conjunto, comparar as respostas as CTs e de bem-estar entre atletas titulares e reservas e analisar como as atletas responderam individualmente às CTs e a percepção de bem-estar durante 25 semanas. Dez atletas profissionais (17,4 ± 1,1 anos; 163 ± 0,05 cm; 50,1 ± 3,0 kg; 18,8 ± 1,1 kg/m²;) com 9,9 ± 2,4 anos de experiência no esporte participaram desse estudo, com caráter descritivo longitudinal observacional. As 25 semanas foram divididas em três períodos (Preparatório Básico, Preparatório Específico e Pré-Competitivo) em que foram monitoradas 225 sessões. Diariamente, as atletas responderam os formulários online, individualmente, antes do treino da manhã, após o treino da manhã e ao final do treino da tarde. A carga interna de treinamento foi monitorada, por meio da percepção de esforço (PSE) momentânea e da PSE-sessão. A carga externa foi monitorada, por meio da duração total do treinamento em minutos. O bem-estar foi monitorado, por meio da aplicação do questionário de bem-estar que envolve cinco domínios (fadiga, qualidade do sono, dores musculares, nível de estresse e humor), com valores que variam de 1 (muito ruim) a 5 (muito bom). O bem-estar geral foi obtido através do somatório dos cinco domínios. Foram realizados testes estatísticos para normalidade, esfericidade, além da ANOVA para delineamentos mistos seguida do teste Post Hoc de Bonferroni para as análises em grupo. Para as análises de cada atleta quanto as cargas de treinamento e bem-estar foi realizada a Single-Subject Analysis (SSA). O nível de significância estatística adotado para todas as análises foi de p ≤ 0,05. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa R versão 4.1.2. Os resultados mostraram que a média da carga interna de treinamento foi de 9242 ± 2511 U.A., com os valores médios de PSE de 4,4 ±0,6. As ginastas treinaram em média 9,0 ± 1,7 sessões por semana com uma duração semanal total de 2014 ± 450 min. O bem-estar geral apresentou uma média considerada “normal” de acordo com os descritores do questionário. Para as comparações em grupo foram observados aumentos significativos na carga interna de treinamento, strain, monotonia, carga agudo crônica entre os períodos preparatórios e pré-competitivo para as atletas titulares (p < 0,05). Como também foram encontradas diferenças significativas entre atletas titulares vs. reservas quanto à carga interna de treinamento, strain principalmente nos períodos mais próximos à competição, entretanto não foram encontradas diferenças significantes com relação ao bem-estar e seus domínios. Quanto às análises individuais, houve diferenças significativas nas respostas das atletas quanto à carga interna de treinamento, strain, bem-estar e seus domínios. Concluímos assim que a ginástica rítmica possui maiores magnitudes de carga de treinamento em períodos próximos à competição com pouca variação do bem-estar das ginastas. Além disso há uma discrepância nas cargas de treinamento entre atletas titulares e reservas. Por fim, análises individuais mostraram a importância do monitoramento mais específico na prática pois as ginastas não respondem de forma homogênea às cargas impostas.