Resumo

Este estudo baseia-se na teoria de que a aderência à prática de exercícios físicos está relacionada à motivação mais autodeterminada. O objetivo deste estudo foi investigar a motivação e a aderência à prática de musculação de clientes de academias. Trata-se de um estudo descritivo de campo, dividido em duas etapas, a primeira de cunho quantitativo e a segunda qualitativo. A população deste estudo foi composta por aderentes (mais de seis meses de prática) e desistentes (mínimo de um mês de desistência) da musculação em academias de Florianópolis, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 65 anos. A amostra foi selecionada de maneira não-probabilística intencional, obtendo-se 252 aderentes e 26 desistentes da musculação, sendo 143 homens (n= 133 (A)/ n= 10 (D)) e 135 mulheres (n= 119 (A)/ n= 16 (D)). A média de idade dos aderentes foi de 34 anos (±12) (mín.18, máx.65) e dos desistentes de 28 anos (±11) (mín.18, máx.52). Na primeira etapa foram utilizados cinco instrumentos, três elaborados e estruturados com base no "Questionário de auto-avaliação do estilo de vida, ocorrência e controle subjetivo do estresse" de Andrade (2001), o "Questionário de classificação socioeconômica" ABEP (2008)” e o "Questionário de regulação de comportamento no exercício físico (BREQ-2)”. Os questionários foram aplicados no local escolhido pelos participantes (em casa ou na academia). A segunda etapa foi caracterizada por uma entrevista semi-estruturada a alguns participantes do estudo. Os dados foram tabulados e analisados no programa "Statistic Package for Social Sciences" - SPSS versão 17.0. Utilizou-se de estatística não-paramétrica para a análise dos dados, com α estabelecido de 0,05 como nível de significância (p<0,05). Para a análise das entrevistas, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin (1977). Os principais motivos de aderência à musculação foram os relacionados à busca pela melhoria da saúde, seguidos dos motivos "Fortalecimento muscular e ósseo", "Estética/ massa muscular" e "Disposição". Os principais motivos para desistência da prática da musculação foram: a "Falta de tempo", "Problemas econômicos e financeiros", "Não gostar ou não priorizar a prática de musculação" e "Má orientação profissional". De acordo com os participantes, a musculação proporciona "Bem-estar", "Aumenta a auto-estima", proporciona "Disposição e vigor" e "Equilibra o estresse". Os aderentes mostraram-se mais autodeterminados para a prática da musculação do que os desistentes. Verificou-se uma série de características sociodemográficas associadas às regulações motivacionais (faixa etária, sexo e classe socioeconômica). Os motivos de aderência relacionados à busca pela melhoria da saúde, estética corporal e lazer, estiveram associados às regulações mais internas. As pessoas que desistem por "Falta de tempo" não são amotivadas para a prática. A partir dos resultados obtidos, é possível elaborar estratégias de intervenção que atendam as necessidades dos praticantes de musculação, com a finalidade de aumentar a adesão desses indivíduos na modalidade, para que os mesmos usufruam dos benefícios proporcionados por esta prática.