Resumo

Considerando as várias possibilidades de estudos relacionados ao esporte-meio ambiente que vêm surgindo no Brasil desde a década de 90, o trekking foi escolhido como tema de pesquisa na perspectiva da matriz ecológica-esportiva de lazer e com foco nos aspectos relevantes do conceito de motivação. Em uma iniciativa micro, a pesquisa foi realizada em Juiz de Fora (MG) com um grupo de montanhistas. A pesquisa de natureza qualitativa, teve três objetivos: a) discriminar as características da motivação presentes nos praticantes de trekking (trekkers); b) avaliar as conseqüências das estratégias de ação na motivação dos praticantes de trekking, e c) criar uma representação piloto da manifestação do trekking como opção ecológica-esportiva de lazer que favorece o fluir. A pesquisa foi orientada a partir de uma delimitação do conceito de motivação e da Teoria do Flow-feeling (Czikszentmihalyi, 1992), relacionados a temas pertinentes à prática do trekking como, emoção, esporte-meio ambiente, ações do Comitê Olímpico Internacional (COI) para o meio ambiente e a história do surgimento e evolução do trekking em Juiz de Fora. Como estratégia metodológica adotou-se os recursos que a etnometodologia (Coulon, 1995) propõe para pesquisas deste tipo. Utilizou-se o tracking como método de participação no locus da atividade, neste caso a montanha, a fotografia e para completar as informações obtidas (Mauss, 1993) foi aplicado o Questionário de Orientação Tarefo-Ego no Esporte (QOTE), validado por Duda (1989) e adaptado por Feijó (1998). Organizados através de um diário de campo e fotografias, os resultados relativos às expedições de trekking realizadas entre fevereiro de 1998 e setembro de 1999, foram editados e completados pelos resultados do QOTE. A interpretação dos resultados referencia que o tipo de trekking praticado pelo grupo pesquisado favorece o Flow-feeling e este funciona como um instrumento motivador, há uma afinidade e conseqüente coerência entre as características do trekking, os objetivos e a estrutura psicofisiológica dos trekkers, os fatores influenciadores de suas próprias motivações são orientadas pela espontaneidade, funcionalidade e satisfação e a motivação é responsável pelo processo de iniciar, orientar, sustentar e finalizar a capacidade de agir de cada membro do grupo. Além disso, verificou-se que há uma forte tendência no comportamento dos trekkers à Orientação Tarefa.

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