Movimentos Corporais na Ginástica Artística: Para Além da Estereotipação de Gênero e Sexualidade
Por Thiago Camargo Iwamoto (Autor).
Em Arquivos em Movimento v. 15, n 1, 2019. Da página 58 a 74
Resumo
O objetivo do manuscrito é de refletir sobre os ideários construídos, a partir das convenções sociais, sobre as questões de gênero e sexualidade em torno da Ginástica Artística e movimentos vinculados a essa. Para tanto, foi utilizado como procedimento uma pesquisa bibliográfica, constituindo esse material como um ensaio teórico. As práticas corporais, especificamente a Ginástica Artística, tiveram fortes influências do método ginástico alemão, esse que também sistematizava as práticas de acordo com o “sexo”. O código de pontuação apresenta critérios que reforçam os ideais binários de masculinidade e feminilidade, fato que também é perceptível na sociedade e as estruturas estruturantes (BOURDIEU, 1989). As estruturas instituis características dos movimentos corporais, estigmatizando como pertencentes ao universo masculino e feminino, aqueles que não se enquadram dentro desses padrões são rotulados pela sociedade e, em alguns casos, até dentro dos esportes. Entendemos que não existe distinções dessas técnicas corporais em relação a masculinidade e feminilidade, uma vez que há influências das experiências vividas individual e coletivamente. Ademais, as estruturas sociais reforçam determinados paradigmas que estereotipam as práticas corporais, afastando os possíveis praticantes de adentrar nos esportes, incluindo a Ginástica Artística.
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