Resumo

Esta é uma comunicação que narra a história pessoal de uma atriz enclausurada em sua própria casa. Na cena uma atriz-mãe e suas tentativas de criação artística, entre malabarismos econômicos, jorro de notícias absurdas e dolorosas e sua abdução pelos afazeres domésticos que nunca têm fim. No contexto do Brasil pandêmico, essa mulher em isolamento social faxina as gavetas, onde encontra e relê antigas anotações em peças impressas. Neste processo relembra seu passado (mais que recente), seu percurso como atriz e os espetáculos teatrais encenados em Porto Alegre, nos doze anos de existência da Companhia Dramática. “Ah, os dias felizes”, diria Winnie, personagem de Beckett, ao lembrar do que passou. A atriz-mãe Juçara Gaspar, sou eu. Eu ouço as vozes de muitas mulheres-personagens-figuras atravessadas na minha garganta. A pintora, a folclorista, a dramaturga, a maga da birmânia, a heroína da literatura, gritam, choram, cantam, contam suas histórias de resistência em cena. Me projeto neste texto acadêmico como uma corpa ofertada, desmontada e montada novamente para ser outra. Relembro em palavras o processo do espetáculo apresentado em modo remoto "Mulheres Atravessadas na Garganta" (2020) para apontar estratégias de criação e produção de vídeo em Streaming, na plataforma YOUTUBE, a partir de ações cooperativas do meu núcleo familiar, e da aplicação dos recursos do Prêmio Fac Emergencial das Artes Cênicas.

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