Resumo
A tradição do futebol feminino brasileiro de caráter recreativo o associa a atividades informais, em times de várzea, com mulheres das camadas sociais média e média-baixa. Este trabalho objetiva identificar os motivos que levam à inserção e permanência de mulheres de classes socioeconômicas mais elevadas na prática deste esporte em um clube do Município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. A fundamentação teórica que norteou o desenvolvimento do estudo adveio principalmente dos estudos de Ludmila Mourão sobre a trajetória das mulheres no universo físico-desportivo brasileiro, de Serge Moscovici quanto às representações sociais, que imprimem uma orientação comportamental positiva ou negativa no que tange a valores, opiniões, crenças e normas, e de Anthony Giddens, ao enfatizar a possível ampliação da autonomia em relação aos valores, crenças e normas estabelecidas, o que contribui para o desenvolvimento de sujeitos reflexivos e à construção da autoidentidade. A coleta e interpretação dos dados baseou-se nos procedimentos de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados do estudo indicam que o grupo de mulheres pesquisadas, apesar de se defrontar com algumas dificuldades para a prática do futebol como lazer, manifesta disposição e também encontra apoio para enfrentar essas dificuldades e persistir na prática dessa atividade. A experiência bem-sucedida do clube pesquisado levou à proposta de que atividades similares sejam promovidas em outros clubes e academias em que haja infraestrutura para que as mulheres possam praticar futebol.