Resumo

A cultura afro-brasileira, durante muito tempo foi colocada em posição de marginalização, sendo valorizada a eurocêntrica em detrimento de outras culturas. Também sujeitas à marginalização, em uma sociedade machista, as mulheres têm lutado por tempo-espaço em esferas até então reservadas à atuação e predomínio masculino. A Capoeira é uma prática social onde as mulheres tem buscado reconhecimento e valorização. O objetivo geral desta pesquisa foi descrever e compreender os processos educativos desencadeados na Capoeira praticada por mulheres, entendendo tais processos a partir de aspectos históricos de luta de mulheres por espaço e reconhecimento neste campo. Além disso, como objetivo específico, conhecer a trajetória dessas mulheres na Capoeira e compreender a escolha e permanência dessas mulheres nessa prática. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo, utilizando como coleta de dados entrevistas semiestruturadas com quatro mulheres capoeiristas das cidades de São Carlos, Campinas e Mogi Guaçu. A análise dos dados coletados foi feita a partir do sistema de categorias, pelo qual emergiram três categorias: Família e Capoeira; Como me sinto sendo mulher na Capoeira; Capoeira que transforma. A partir da análise, consideramos que as mulheres, a partir do fundamento da Capoeira e das reivindicações por permanência nesse espaço, vão construindo uma nova forma de ser e estar, que se expande para outros espaços. Isso significa pensar em construção permanente, em luta constante, utilizando a ginga, a mandinga, ancestralidade, como estratégia de luta, cuidado corporal, busca pela liberdade e pela possibilidade de ser mulher.

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