Resumo

Esta tese toma a questão dos programas antibullying na escola como aspecto relevante para pensar na educação para a pluralidade cultural. O objetivo foi refletir em que medida as práticas para se contrapor ao bullying sugerem uma ética multicultural, atentando para a relação entre os profissionais da saúde e a comunidade escolar. Seu eixo principal de interrogação está na interface entre os campos do multiculturalismo e da ética, para o qual ofereceram embasamento os pesquisadores que vêm contribuindo em ambos os debates, assim como há o respaldo da Teoria da Argumentação/ Nova Retórica (PERELMAN e OLBRECTHS - TYTECA, 2005), sustentando a análise do discurso. O trabalho realizado por uma ONG, pioneira no combate ao bullying em escolas brasileiras, trouxe à tona a problematização. A metodologia está baseada no estudo de caso, em que os documentos - como relatórios, folders e as entrevistas semiestruturadas com um dos coordenadores da referida instituição e um coordenador de uma unidade escolar na qual o trabalho foi realizado - serviram de instrumento. Os resultados indicam limites, escolhas e apostas no que tange à sustentação de uma educação antibullying no cotidiano escolar. Após a análise, foi possível perceber que a afinidade entre as práticas de bullying e discursos como o racismo, o machismo e a homofobia carecem de maiores aprofundamentos, pois há uma patente dificuldade em se visualizar que a temática não se limita aos aspectos individuais, mas é uma prática social complexa, que envolve a relação entre identidades e diferenças. Contudo, vimos que construir uma ética multicultural pode interferir positivamente nesse contexto, ajudando a promover a escolha pelo diálogo em vez da violência. Porém, os caminhos não estão prontos. No percurso do estudo foram identificadas algumas tendências argumentativas que oferecem possibilidades pertinentes, mas também fragilidades a serem enfrentadas, gerando demandas que podem servir de estímulo a novos horizontes de pesquisa.

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