Música, Ginástica e Dança no Ensino Secundário no Brasil do Século XIX
Por Gilberto Vieira Garcia (Autor), Gustavo da Motta Silva (Autor).
Resumo
O artigo pretende analisar as relações entre o ensino de música, de ginástica e de dança no contexto do ensino secundário, no Rio de Janeiro do século XIX. Para tanto, as análises centraram-se em torno do Imperial Colégio Pedro II, pela sua idealização como instituição modelar para o ensino secundário no país. A concepção das ‘Belas Artes’ que perdurou até o fim do oitocentos, integrando também a música, a ginástica e a dança, será uma base fundamental para as discussões desenvolvidas ao longo do texto. A categoria analítica ‘relação de vizinhança’, definida por André Chervel dentro do estudo da história das disciplinas escolares, foi relevante para o desenvolvimento dessas articulações, sobretudo, para se refletir sobre a importância dessas matérias no currículo escolar.
Biografia do Autor
Gilberto Vieira Garcia, Instituto Federal Fluminense (IFF), Itaperuna, Rio de Janeiro, Brasil
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGE). Estágio doutoral na École dês Haut es Études em Sciences Sociales, no Centre dês Recherches sur les Arts et Le language. Colaborador do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, Universidade Nova de Lisboa. Pesquisador dos grupos pesquisa sobre os Processos Educacionais e História da Profissão Docente (UFRJ), sobre a Música Brasileira - Construção, Permanências e Apropriações (UFRJ) e do Grupo de Pesquisas Práticas de Ensino e Aprendizagem e Música (CPII).
Gustavo da Motta Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil
Doutor em Educação pelo Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Membro do Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos em Educação Física e Esportes (UFRJ/ NESPEFE-EEFD) e do grupo de pesquisa História da Profissão Docente (PRODOC/PUC-Rio).
Referências
Adeodato, A. (2019b). O ensino de música em escolas secundárias femininas do Espírito Santo (1870-1894). In I. A. Rocha, S. C. Igayara-Souza & E. M. G. Monti (Orgs.), Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música (p. 49-76). Curitiba, PR: CRV.
Adeodato, A. (2019a). Professores de música nas escolas do Espírito Santo: vestígios de histórias não contadas. In E. M. G. Monti & I. A. Rocha (Orgs.), Ecos e memórias: histórias de ensinos, aprendizagens e músicas (p. 237-260). Teresina, PI: EDUFPI.
Andrade, A. (1967). Francisco Manuel da Silva e seu tempo, 1808-1865: uma fase do passado musical do Rio de Janeiro à luz de novos documentos (Vol. I e II). Rio de Janeiro, RJ: Tempo Brasileiro.
Bediaga, B. (2017). Discreto personagem do império brasileiro: Luís Pedreira do Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro (1818-1886). Topoi, 18(35), 381-405.
Borges, J. (2019). Reflexões sobre práticas musicas nas escolas americanas de confissão protestante, em São Paulo, entre o final do século XIX e início do século XX. In I. A. Rocha, S. C. Igayara-Souza & E. M. G. Monti (Orgs.), Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música (p. 129-148). Curitiba, PR: CRV.
Chervel, A. (1990). História das disciplinas escolares: reflexão sobre um campo de pesquisa. Teoria e educação, 2, 177-229.
Chervel, A., & Compère, M. (1999). As humanidades no ensino. Educação e Pesquisa, 25(2), 149-170.
Cunha Junior, C. (2008). O Imperial Collegio de Pedro Segundo e o ensino secundário da boa sociedade brasileira. Rio de Janeiro, RJ: Apicuri.
Cunha Junior, C. (2012). Saberes escolares do ensino secundário brasileiro no século XIX: o caso do Imperial Collegio de Pedro Segundo. Cadernos de História da Educação, 11, 51-70.
Dória, R. P. (2004). Entre a arte e a ciência: o ensino do desenho no Brasil do século XIX. In R. A. Martins, L. A. C. P. Martins, C. C. Silva & J. M. H. Ferreira (Orgs.). Filosofia e história da ciência no Cone Sul: 3º Encontro (p. 378-385). Campinas, SP: AFHIC.
Fubini, E. (2008). Estética da música. Lisboa, PT: Edições 70.
Garcia, G. V. (2019a). Araújo Porto Alegre e a música no Brasil Império: filosofia, história, ideias e projetos. Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, 480(1), 121-147.
Garcia, G. V. (2019b). Música: mestres, forma escolar e identidade docente (Rio de Janeiro, 1838-1899). In I. Rocha, S. Igayara-Souza & E. Monti (Eds.), Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música. Curitiba, PR: CRV.
Garcia, G. V. (2018). Música: o estudo, o ensino, a docência, entre formuladores e mestres – Rio de Janeiro (1838-1899) (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Garcia, G. V. (2014). “Tão sublime como encantadora Arte”: as aulas e os “mestres” de música no Imperial Collegio de Pedro II (1838-1858) (Dissertação de Mestrado). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Goodson, I. (1995). Currículo: teoria e história (7a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
Haydar, M. L. (2008). O ensino secundário no Brasil Império. São Paulo, SP: Edusp.
Jurt, J. (2012). O Brasil: um Estado-nação a ser construído: o papel dos símbolos nacionais, do Império à República. Mana, 18(3), 471-509.
Melo, V. (2014). Educação do corpo? Bailes no Rio de Janeiro do século XIX: o olhar de Paranhos. Educação e Pesquisa, 40, 751-766.
Monti, E. M. G., & Rocha, I. A. (Orgs.). (2019). Ecos e memórias: histórias de ensinos, aprendizagens e músicas. Teresina, PI: EDUFPI.
A música na educação. (1872). A Instrução Pública: Folha Hebdomadária, 136.
Paz, A. L. (2019). Ensino e educação musical em Portugal (1868-1930): uma genealogia do gênio musical. In I. A. Rocha, S. C. Igayara-Souza & E. M. G. Monti, (Orgs.), Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música (p. 19-48). Curitiba: CRV.
Penna, F. (2008). Sob o nome e a capa do Imperador: a criação do Colégio de Pedro II e a construção do seu currículo (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Pereira. M. V. M. (2019). A história da educação musical como campo científico: primeiros ecos de um processo de autonomização. In E. M. G. Monti & I. A. Rocha (Orgs.), Ecos e memórias: histórias de ensinos, aprendizagens e músicas (p. 11-16). Teresina, PI: EDUFPI.
Pintassilgo, J. (2019). A educação musical como disciplinar escolar: contributos históricos (um Prefácio). In I. A. Rocha, S. C. Igayara-Souza & E. M. G. Monti (Orgs.), Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música (p. 11-14). Curitiba, PR: CRV.
Porto-Alegre, M. A. (1836). Sobre a música. Nitheroy, Revista Brasiliense – Sciencias, Lettras e Artes, 1(1), 160-183.
Rocha, I. A., Igayara-Souza, S. C., & Monti, E. M. G. (Orgs.). (2019). Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música. Curitiba, PR: CRV.
Romero, N. H. (2019). Educación musical femenina em España em el siglo XIX: reflexiones para su estúdio. In I. A. Rocha, S. C. Igayara-Souza & E. M. G. Monti (Orgs.). Sons de outrora em reflexões atuais: história da educação e música (p. 173-192). Curitiba: CRV.
Santos, B., & Andrade, V. (2016). Colégio Pedro II: polo cultural da cidade do Rio de Janeiro. A trajetória de uniformes escolares na memória coletiva da cidade. Rio de Janeiro, RJ: Mauad.
Soares, C. (2007). Educação física: raízes europeias e Brasil. Campinas, SP: Autores Associados.
Squeff, L. (2004). O Brasil nas letras de um pintor. São Paulo, SP: Editora da Unesp.
Squeff, L. (2017). A Grand Tour de um brasileiro: a importância da Itália nas ideias de Manuel de Araújo Porto-Alegre. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 12(2), 377-387.
Turci, D. (2012). Os conteúdos da matéria de pedagogia nas escolas normais mineiras do final do século XIX: ideias do moderno e da modernidade. In N. Gil, M. C. Zica & Filho, L. M. F. (Orgs.), Moderno, modernidade e modernização: a educação nos projetos de Brasil - séculos XIX e XX (1a ed., p. 151-165). Belo Horizonte, MG: Mazza.
Turin, R. (2015). A prudência dos antigos: figurações e apropriações da tradição clássica no Brasil oitocentista: o caso do Colégio Pedro II. Anos 90, 22(41), 299-320.
Vechia, A., & Lorenz, K. (2011). O debate ciências versus humanidades no século XIX: reflexões sobre o ensino de ciências no Collegio de Pedro II. In W. Gonçalves Neto, M. Miguel & A. Ferreira Neto (Orgs.), Práticas escolares e processos educativos: currículo, disciplinas e instituições escolares (séculos XIX e XX) (p. 115-152). Vitória, ES: EDUFES.
Vechia, A., & Lorenz, K. (Orgs.). (1998). Programa de ensino da escola secundária brasileira: 1850-1851. Curitiba, PR: Ed. do Autor.
Zamith, R. (2011). Saraus e bailes residenciais e públicos no Rio de Janeiro de outrora. In R. Zamith. Música e História no longo século XIX (p. 451-473). Rio de Janeiro, RJ: Fundação Casa de Rui Barbosa.
Zilio, C. (2015). As batalhas de Araújo Porto Alegre. ARS, 13(26), 100-111.
Zuin, E. S. L. (2001). Da régua e de compasso: as construções geométricas como um saber escolar brasileiro (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Brasil. Ministério do Império. (1868). Mapas das matrículas, por matérias, do Imperial Colégio de Pedro II por matéria (Relatório dos negócios do Império, p. 203-204). Recuperado de: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05-%20historia%20da%20profissao%20docente/construindo%20o%20seu%20quadro%20docente.pdf
Brasil. Ministério do Império. (1869). Mapas das matrículas, por matérias, do Imperial Colégio de Pedro II por matéria (Relatório dos negócios do Império, p. 516-518). Recuperado de: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05-%20historia%20da%20profissao%20docente/construindo%20o%20seu%20quadro%20docente.pdf
Brasil. Ministério do Império. (1870). Mapas das matrículas, por matérias, do Imperial Colégio de Pedro II por matéria (Relatório dos negócios do Império, p. 239-240). Recuperado de: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05-%20historia%20da%20profissao%20docente/construindo%20o%20seu%20quadro%20docente.pdf
Collegio de Pedro 2º. (1848). Mapa de faltas dos professores com indicação de cadeiras, antiguidade, ordenado, número de aulas e alunos, compêndios e lições de cada cadeira. Arquivo Nacional, Série Educação, notação: IE4 32.
Collegio de Pedro 2º. (1852). Projeto da reforma dos estatutos da parte Scientifia do Collegio D. Pedro 2º. Arquivo Nacional, Série Educação, notação: IE4 34.
Collegio Pedro 2º. (1853). Sobre o projeto de reforma dos estatutos da parte scientifica do Collegio D. Pedro 2º. Arquivo Nacional, Série Educação, notação: IE4 35.
Conservatorio de musica. (1841). O Brasil, p. 4. Recuperado de: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=709565&pasta=ano%20184&pesq=conservat%C3%B3rio&pagfis=595
Decreto nº 1.556, de 17 de fevereiro de 1855. (1855). Aprova o regulamento do Colégio De Pedro Segundo.
Decreto nº 2.006, de 24 de Outubro de 1857. (18570. Approva o regulamento para os collegios publicos de instrucção secundaria do Municipio da Côrte.
Decreto nº 2.883, de 01 de fevereiro de 1862. (1862). Altera os regulamentos relativos ao curso de estudos do Imperial Collegio de Pedro II.
Decreto nº 3.251, de 8 de Abril de 1899. (1899). Approva o regulamento para o Gymnasio Nacional.
Decreto nº 4.468, de 1º de fevereiro de 1870. (1870). Altera os regulamentos relativos ao Imperial Collegio de Pedro II.
Decreto nº 6.130, de 1º de março de 1876. (1876). Altera os regulamentos do Imperial Collegio de Pedro II.
Decreto nº 8.051, de 24 de março de 1881. (1881). Altera os regulamentos do Imperial Collegio de Pedro II.
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro [IHGB]. (1855, 2 de junho). Discurso pronunciado pelo Condº Manuel de Araújo Porto Alegre por ocasião das novas aulas na Academia das Bellas-artes. Coleção Araújo Porto Alegre, DL 653, pasta 21.
Pinto, F. L. (1841). Collegio de Pedro 2º: Exposição dos inconvenientes e defeitos encontrados pelos respectivos Professores nos diferentes ramos de ensino, acompanhados das observações do reitor. Arquivo Nacional, Série Educação, notação: IE4 29.
Regulamento nº 8 de 31 de Janeiro de 1838. (1838). Estatutos para o Colégio Pedro Segundo. Recuperado de: http:www2.camara.gov.br/legislação/publicações/doimperio
Regulamento nº 62 de 1º de fevereiro de 1841. (1841). Altera algumas das disposições do Regulamento nº 8 de 31 de janeiro de 1838, que contém os Estatutos do Colégio de Pedro II.