Resumo

Podemos observar a existência de diversas estratégias que norteiam o desenvolvimento de um negócio. Uma delas é a diversificação. Esta dissertação apresenta um estudo da diversificação na gestão estratégica de microempresas de ensino do surfe (MEES) do Rio de Janeiro. No caso das MEES, há particularidades que tornam muito importante a diversificação para a sobrevivência e desenvolvimento delas. Por isso, escolhemos estudar o tema nesse tipo de empresa. A pesquisa analisou o processo de diversificação utilizado pelas MEES da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, na cidade do Rio de Janeiro, de modo a demonstrar os impactos resultantes da opção de tal estratégia. Considerando a diversificação de produtos (bens e serviços), discutimos as forças e as limitações das estratégias que promoveram a diversificação nas empresas estudadas. A pesquisa realizada foi um estudo multicasos, exploratório e qualitativo. No tratamento dos dados, coletados principalmente por entrevistas semi-estruturadas, estes foram analisados com o apoio do software de análise de dados qualitativos Atlas-ti. Desenvolvemos análises intra e intercasos, explicando assim o processo de diversificação em sete microempresas. Na comparação dos casos estudados, identificamos melhores práticas de diversificação na gestão estratégica. Todas as MEES diversificaram horizontalmente, ou seja, ampliaram seus serviços para mercados complementares - por exemplo: surf trips (viagens para a prática de surf) e aulas de stand up paddle. Identificamos que a diversificação vertical de algumas ocorreu com a fabricação ou conserto de pranchas de surfe. Também houve diversificação independente (a diversificação com pouca ou nenhuma relação com os serviços já existentes anteriormente): como petições, aluguel de bicicletas, aulas de pilates e ioga, massagem e hospedagem dos clientes. Na maior parte dos casos investigados, os dirigentes diversificaram para atender a uma demanda de clientes. Outra oportunidade para diversificar surgiu das experiências, aprendizagens e conhecimentos internos disponíveis na empresa, o que mostra que a formação dos dirigentes aliada às experiências anteriores está relacionada com a opção pela diversificação em seus negócios. Percebe-se que existe uma preocupação esporádica com a gestão estratégica nas MEES e longos períodos de atenção exclusivamente voltada aos problemas operacionais e administrativos. Por outro lado, os proprietários-dirigentes de MEES demonstram consciência da necessidade de inovar e de gerar uma diferenciação pela criação de novos serviços. Embora nem sempre seja realizado como pretendido, um objetivo comum aos dirigentes das MEES é atingir um dado patamar de vendas (ou realização de serviços), mas com muita qualidade, atentando para a escassez de recursos humanos que tenha formação e capacitação para trabalhar nesse tipo de empresa. Ao tecer a comparação dos dados, percebemos certos padrões de atuação: no final da década de 1990 as primeiras MEES começaram a se constituir como negócios, apresentando-se como novos e promissores investimentos. O setor sofreu uma grande expansão, principalmente de 2004 a 2008, quando foi fundada a Associação das Escolas Cariocas de Surfe (2007). A partir de 2009 todas as MEES, grandes ou pequenas, ofereciam mais de um serviço, além do ensino do surfe; em 2012 o stand up apareceu e ampliou ainda mais o setor. E desde 2013, as empresas estão buscando a diversificação vertical para agregarem valores aos seus negócios, tais como consertos ou fabricação de pranchas. Enfim, a diversificação nas MEES trouxe maior faturamento para as empresas, promoveu a fidelização de clientes que se envolvem em um ou mais serviços da empresa, além de ter se tornado um diferenciador dos concorrentes, diminuindo assim a concorrência por preço. Como resultado de uma estratégia de diversificação, as MEES estão sobrevivendo no longo prazo e estabilizaram o financeiro da empresa.

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