Não sou mulher só em março nem negra só em novembro (Dilma Mendes)

Parte de As pioneiras do futebol pedem passagem: conhecer para reconhecer . páginas 169 - 183

Resumo

A discussão sobre o racismo tem se tornado mais visível nos últimos anos em função do empoderamento e visibilidade de grupos identitários que têm denunciado esse tipo de crime. No futebol das mulheres esse tema é pouco debatido e durante anos tem passado despercebido, pois sua luta esteve mais pautada em questões relacionadas ao machismo e ao patriarcado, cujas determinações as proibiram de jogar bola. Ainda que imprescindível, essa batalha não é a única e, dada a sua emergência, talvez tenha ofuscado outras como o enfrentamento ao racismo ainda tão presente em nossa sociedade. Quando se fala em raça e futebol quase sempre se fala dos homens, as negras são invisíveis nessa discussão. No futebol delas quase não há denúncias formais de atos racistas nem de injúrias raciais como aconteceu com o goleiro Aranha, o árbitro Márcio Chagas e tantos outros casos no futebol dos homens. Em uma sociedade que estratifica as pessoas, as mulheres negras são as mais afetadas, são duplamente subvalorizadas, pois não são nem homens e nem brancas. Nossa história não menciona o protagonismo negro, invisibilizando e matando simbolicamente um grupo de pessoas cujas vidas importam. A Seleção brasileira desde sua primeira convocação contou com muitas jogadoras negras que se destacaram e colocaram o nome do Brasil no topo do futebol mundial.