Níveis de Atividade Física e Alterações Metabólicas em Pessoas Vivendo com Hiv/aids
Por Jayder Lucas Hotts Romancini (Autor), Débora Guariglia (Autor), Atrícia Herold (Autor), Giuliano Gomes de Assis Pimentel (Autor), Aurea Regina Telles Pupulin (Autor), Nelson Nardo Júnior (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 18, n 6, 2012.
Resumo
Com a introdução da highly active antiretroviral therapy (HAART) - terapia antirretroviral fortemente ativa - o curso da infecção pelo HIV sofreu profundas modificações; ocorreu aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida, com restauração parcial do sistema imune. Após cerca de 10 anos do uso da HAART, começaram a aparecer os efeitos da combinação tratamento/vírus. Estes incluem alterações no metabolismo dos lipídios com hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, resistência insulínica, hiperglicemia e redistribuição da gordura corporal que são fatores de risco para doença cardiovascular. Estudos observacionais em pessoas vivendo com HIV/AIDS mostram que o indivíduo, ao se descobrir portador da doença, acaba sentindo medo ou vergonha, reduzindo o círculo social, atividades de trabalho e lazer, e se isolando em casa ou em pequenos grupos os quais tenham em comum a identidade de portadores HIV/AIDS. O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação entre o nível de atividade física habitual e de lazer de pessoas vivendo com HIV/AIDS e sua relação com alterações metabólicas. Os pacientes foram classificados em sedentários e ativos, utilizando o questionário de atividade física habitual proposto por Baecke e validado para pacientes HIV/AIDS. Para classificação utilizou-se as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte. O metabolismo foi avaliado por meio das dosagens de glicemia de jejum, colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicérides, utilizando-se kits comerciais. A amostra foi composta por 65 pacientes HIV que utilizavam terapia HAART há pelo menos cinco anos. Foram classificados 64,6% como sedentários e 35,4% ativos. O estudo mostra uma relação direta entre nível de atividade física e melhores níveis de HDL-colesterol em pacientes HIV/AIDS. O HDL-colesterol é uma lipoproteína de proteção cardiovascular e, embora outros parâmetros avaliados não tenham mostrado diferença, estes resultados apontam a necessidade de estudos adicionais sobre fatores de risco e atividade física para pacientes HIV/AIDS, possibilitando propostas de intervenções específicas para esses pacientes.