Resumo

Indivíduos com doença arterial periférica (DAP) e sintomas de claudicação intermitente (CI), apresentam diminuição da capacidade de caminhada, que compromete seus níveis de atividade física. Com base nisso, foram realizados dois estudos enfocando o nível de atividade física e os fatores associados em indivíduos com DAP e sintomas de CI. O objetivo do primeiro estudo foi revisar, sistematicamente, estudos sobre o nível de atividade física de indivíduos com DAP e sintomas de CI. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática de estudos originais sobre o nível de atividade física, publicados em periódicos indexados, nas bases de dados MEDLINE, LILACS e ScIELO até 2010. Os resultados dos estudos incluídos na revisão mostraram que os níveis de atividade física, nos indivíduos com DAP é inferior aos indivíduos sem DAP. Dentre os indivíduos com DAP, o maior nível de atividade física foi associado a melhores indicadores hemorreológicos, hemodinâmicos e de composição corporal. O objetivo do segundo estudo foi determinar o nível de atividade física e fatores associados em indivíduos com CI atendidos em um centro terciário. Participaram 150 sujeitos com CI de ambos os gêneros, atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foram incluídos indivíduos com idade de 30 a 80 anos, que apresentaram índice tornozelo braço (ITB) menor que 0,90, medido em repouso, capacidade de caminhada limitada pelos sintomas de CI e que não apresentaram incapacidade mental identificada pelo Questionário Mini-exame do estado mental. Os indivíduos utilizaram o pedômetro por sete dias, para a quantificação dos níveis de atividade física. A capacidade de caminhada foi obtida por meio do teste em esteira. As informações sócio demográficas, comorbidades, limitações de locomoção e as barreiras para a prática de atividade física foram obtidas por meio de questionário. A prevalência de indivíduos, insuficientemente ativos, foi de 22%. As barreiras para a prática de atividade física mais prevalentes foram a dor induzida pela caminhada (75%), a necessidade de descansar por causa da dor, durante a atividade física (64%), ter obstáculos que agravam a dor na perna (75%) e a presença de calçadas insatisfatórias e de má qualidade (64%). Na análise bivariada, o gênero masculino, as ruas não serem planas e sentir falta de segurança foram associadas com menores níveis de atividade física. Após a análise de regressão logística ordinal, nenhum dos fatores sócio demográficos, clínicos e barreiras para a  prática de atividade física foram associados com o nível de atividade física dos claudicantes. Com base no estudo de revisão, conclui-se que indivíduos com CI praticam menos atividade física que indivíduos sem a doença e que o maior nível de atividade física está relacionado com melhores indicadores de saúde. Com base na investigação original, conclui-se que a prevalência de indivíduos com CI insuficientemente ativos foi baixa e que os fatores sócio demográficos, clínicos e as barreiras para a prática de atividade física não foram associados com o nível de atividade física da amostra.   
 

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