Resumo

Esse estudo foi desenvolvido com o objetivo de determinar o nível de atividade física e analisar fatores associados (individuais e ambientais) em adolescentes. Para tanto, realizou-se um estudo transversal, em duas etapas, com adolescentes do ensino médio de escolas públicas e privadas, de 14 a 19 anos de idade, de ambos os sexos, no município de João Pessoa (PB), Brasil. A primeira etapa consistiu da validação dos instrumentos e a segunda da determinação do nível de atividade física e análise de fatores associados. Ambas as etapas foram desenvolvidas em amostras probabilísticas da população alvo, selecionadas em duas etapas (escolas, turmas). A análise do questionário de atividade física foi efetuada em uma amostra de 248 adolescentes e a do questionário de fatores associados em 239 adolescentes. A amostra do estudo sobre nível de atividade física e fatores associados foi de 2.874 adolescentes (57,8% do sexo feminino). Foram mensurados os seguintes fatores associados: sexo, idade, cor da pele, trabalho, classe econômica, escolaridade do pai e da mãe, comportamentos sedentários, percepção de saúde, índice de massa corporal, participação nas aulas de educação física, atitude, autoeficácia, riscos e benefícios percebidos da prática de atividade física, atividade física do pai, mãe e dos amigos, apoio social e ambiente percebido. O questionário de atividade física apresentou reprodutibilidade elevada (coeficiente de correlação intraclasse - CCI= 0,88; IC95%: 0,84-0,91) e validade moderada (rho= 0,62; p<0,001; kappa= 0,59). O questionário de fatores associados demonstrou validade fatorial satisfatória, consistência interna aceitável e reprodutibilidade elevada para todas as escalas (atitude: α= 0,76, CCI= 0,89; autoeficácia: α= 0,81, CCI= 0,78; apoio social dos pais: α= 0,81, CCI= 0,91, apoio social dos amigos: α= 0,90, CCI= 0,89; ambiente percebido: α= 0,69 a 0,73, CCI= 0,67 a 0,82). A prevalência de níveis suficientes de atividade física (≥300min/sem) foi de 50,2% (IC95%: 47,3-53,1), sendo maior nos xiv rapazes (66,3%) do que nas moças (38,5%, p<0,01). Maiores níveis de atividade física também foram observados nos adolescentes de melhor condição socioeconômica, nos que participavam das aulas de educação física e referiram percepção positiva do estado de saúde. Os resultados da análise multivariável, por regressão logística ordinal, identificaram os seguintes fatores diretamente associados à atividade física: atitude, autoeficácia, apoio social dos pais e dos amigos, nos adolescentes de ambos os sexos. Nas moças, os riscos percebidos da prática de atividade física se associaram de forma inversa com o nível de atividade física. Além disso, a atividade física do pai e dos amigos se associou à atividade física dos rapazes e a atividade física da mãe à das moças. Os programas de promoção da atividade física devem desenvolver ações para aumentar a percepção de autoeficácia dos adolescentes e o apoio social dos pais e dos amigos, bem como reforçar atitudes positivas em relação à atividade física e desmistificar os riscos percebidos dessa prática. O acesso e atratividade dos locais para a prática de atividade física também devem ser considerados, pois demonstrou uma possível influência indireta sobre a atividade física dos adolescentes. 

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