Nível de Atividade Física em Diferentes Domínios e Ocorrência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis: Estudo Longitudinal com Usuários do Sistema único de Saúde Brasileiro
Por J. S. Codogno (Autor), R. A. Fernandes (Autor), B. Locci (Autor), L. G. M. Araújo (Autor), H. L. Monteiro (Autor).
Resumo
O aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e a elevada taxa de mortalidade na população são reflexos da exposição prolongada a fatores de risco como obesidade e inatividade física. Em relação à prática de atividades físicas, ainda é pouco explorado na literatura o impacto do estilo de vida ativo no quadro clínico de usuários da rede pública de saúde. Objetivo: Verificar se existe associação entre prática de atividades físicas em diferentes domínios (ocupacional, locomoção, lazer e total) e ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis entre usuários da atenção básica de um modelo do sistema público de saúde brasileiro. Metodologia: A amostra foi composta por 620 adultos com idade igual ou superior a 50 anos, atendidos em cinco Unidades Básicas de Saúde da cidade de Bauru/SP. O acompanhamento dos pacientes foi realizado pelo período de 60 meses. Entrevistas e análise de prontuários clínicos periódicas forneceram informações referentes a: frequência de ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, diabetes mellitus, hipercolesterolemia e osteoporose) e prática de atividade física habitual (questionário de Baecke). Como variáveis de controle foram obtidas informações sobre: hábito de fumar, estado nutricional (índice de massa corporal), poder aquisitivo e escolaridade (questionário ABEP). Análises estatísticas foram compostas pelo teste qui-quadrado e regressão logística binária, todos os procedimentos estatísticos foram efetuados pelo software estatístico BioEstat (versão 5.2) e a significância estatística foi fixada em valores inferiores a 5%. Resultados: Dos 620 pacientes avaliados, 73.2% eram mulheres e 82.6% estavam na faixa de sobrepeso ou obesidade. Ao final do seguimento houve incremento de 4.7% nos casos de hipertensão arterial (prevalência de 75%), 9.4% nos de diabetes mellitus (26.6%), 16.1% para hipercolesterolemia (20.3) e 15.2% para osteoporose (14.8%). Quanto ao nível de atividade física, foram encontradas associações significativas entre diabetes mellitus e atividade física total (OR 2.12; IC95% 1.39-3.23) e diabetes mellitus e atividade física de lazer (OR 2.13; IC95% 1.42-3.19) mesmo após ajuste do modelo de regressão. Hipertensão arterial, hipercolesterolemia e osteoporose não apresentaram associação significativa com os domínios da atividade física. Conclusão: Foi verificada associação entre prática de atividade física no domínio lazer e total com a ocorrência de diabetes mellitus entre adultos usuários do Sistema Único de Saúde.