Resumo

Introdução: A multimorbidade de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s) contribui para o agravamento da saúde, em decorrência dos distintos efeitos deletérios de cada doença e também da interação entre os mesmos. Um estilo de vida fisicamente ativo pode auxiliar no combate à ocorrência de DCNT’s separadamente, porém pouco se sabe sobre o agrupamento das mesmas. Devido ao impacto dessa condição de saúde, é preciso direcionar recomendações por meio do poder preditivo da atividade física para a ausência da multimorbidade. Objetivo: Identificar o poder preditivo do nível de atividade física semanal para a ausência de multimorbidade de DCNT’s em homens e mulheres brasileiros. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, com dados coletados por meio de entrevista telefônica no período de maio a dezembro de 2015. A população alvo foram os indivíduos ≥18 anos de idade com acesso à linha telefônica fixa nas 27 capitais do território brasileiro. A multimorbidade foi determinada pelo autorrelato de ≥2 DCNT’s, dentre o diabetes, a dislipidemia, a hipertensão arterial sistêmica e a obesidade. O nível de atividade física foi definido pelo autorrelato de tempo e frequência semanal da atividade física nos domínios do deslocamento, domicílio, lazer e trabalho. A estatística inferencial contou com a construção de curvas Receiver Operating Characteristic (ROC), estratificadas por sexo. Para identificação do ponto de corte, foi considerada a área da curva ROC (especificidade x sensibilidade) com o valor superior de 0,50. Resultados: O estudo contou com 54.142 participantes, sendo 54,0% da amostra constituída por mulheres. A prevalência de multimorbiade de DCNT’s foi de 16,0% em homens e 19,8% em mulheres. A mediana de atividade física semanal foi de 180 min/sem e 52 min/sem, respectivamente, para homens e mulheres. Os pontos de corte com melhor poder preditivo para a ausência de multimorbidade de DCNT’s foram de 156 min/sem (A= 0,5815) para homens e 60 min/sem para mulheres (A= 0,5698) - (Figura 1).
Conclusões: O nível de atividade física necessário para predizer a ausência de multimorbidade de DCNT’s em homens foi semelhante às atuais recomendações globais para a saúde. Todavia, entre as mulheres esse valor foi aproximadamente três vezes menor, quando comparadas aos homens. Essa disparidade suscita a possibilidade de que outros importantes fatores de risco, possivelmente mais presentes entre homens, justifiquem a necessidade de um maior nível de atividade física para o combate à multimorbidade, quando comparados às mulheres, que sabidamente são mais cuidadosas e usuárias em maior frequência dos serviços de saúde.

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