Resumo
Objetivo: Analisar as chances de alta, óbito e reinternação a partir do nível de mobilidade de indivíduos internados em UTI. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo, realizado por meio da consulta a prontuários de indivíduos internados na UTI do Hospital Universitário de Sergipe (HU/SE), com idade ≥18 anos, ambos os sexos, admitidos por motivo clínico ou cirúrgico eletivo, entre agosto de 2017 e agosto de 2018. O nível de mobilidade, variável preditora, foi quantificado por meio da Intensive Care Unit Mobility Scale (IMS). Uma pontuação 0-3 foi considerada como mobilidade baixa, 4-6, mobilidade moderada e 7-10, mobilidade alta. As variáveis desfechos foram: alta da UTI, reinternação e óbito. A pontuação da IMS foi expressa em mediana e percentis, as variáveis contínuas, em média ± desvio-padrão e as varáveis categóricas, em frequências absolutas e relativas. Possíveis diferenças no nível de mobilidade entre os perfis foram verificadas por meio do teste Wilcoxon. A estimação de chance e probabilidade de desfechos foram realizadas por meio de regressão logística. Considerou-se p<0,20 para inclusão da variável potencialmente influenciadora no modelo ajustado. Os resultados das análises foram significantes quando p<0,05. Utilizou-se, para a análise estatística, o software SPSS 22.0. Resultados: Os dados de 121 indivíduos foram incluídos no estudo. A média de idade foi de 61,45±16,45, sendo 86 (71,08%) da amostra composta por indivíduos com perfil cirúrgico e 53,7% do sexo feminino. Os indivíduos com perfil cirúrgico tiveram maior mobilidade em comparação aos clínicos (z=-9,72; p<0,001). Apresentaram mobilidade baixa 28 indivíduos (23,1%), 33 (27,3%) apresentaram moderada e 60 (49,6%) tiveram mobilidade alta. Os indivíduos com mobilidade baixa apresentaram cerca de 45 vezes mais chance de evoluir com óbito (OR=45,3; IC95%= 3,23-636,3) e 88 vezes menos chances de evoluir para alta da UTI (OR=0,22; IC95%= 0,002-0,30). Conclusão: A amostra em geral apresentou nível de mobilidade moderado. Os que evoluíram com baixa mobilidade apresentaram 45 vezes mais chances de evoluir para óbito e 88 vezes menos chances para alta na UTI. Os níveis de mobilidade moderada e mobilidade alta não se associaram aos desfechos investigados.