Integra

Introdução

A partir da definição de Palomar sobre modelo, defini o trabalho do filme da seguinte forma:

Primeiro,construir um modelo na mente, o mais perfeito,lógico (proposta de assistir o filme e entendê-lo)’ segundo, verificar se tal modelo se adaptado a casos práticos observáveis na experiência (proposta da atividade para os alunos a partir da recapitulação do filme), terceiro, proceder às correções necessárias para que o modelo e realidade coincidam.( aplicação da atividade).

"Para construir um modelo,é necessário partir de algo, ou seja, Ter princípios dos quais derivar por dedução o próprio raciocí’nio"....

A deduçào, no entanto pode dedicar-se a ela sozinho e em silêncio, sem aparelhagens especiais, em qualquer lugar ou momento...

..O que se desejava então era um trabalho sutil de ajustamento que trouxesse correções graduais ao modelo para aproximá-lo de uma realidade possível, e à realidade para aproximá-lo do modelo. Na verdade o grau de ductilidade da natureza humana não é ilimitado como a princípio se pensava; e em compensação até mesmo o modelo mais rígido pode dar provas de uma elasticidade insuspeita. Em suma se o modelo não consegue transformar a realidade, a realidade deveria conseguir transformar o modelo."(Palomar,97 e 98)

As diferentes manifestações da competição vê adquirindo cada vez maior importância e dramaticidade na sociedade brasileira. Muitas são suas expressões, os sujeitos envolvidos e as consequências.

Há um frequente envolvimento da população infantil e juvenil com esta realidade da competição. As questões referentes às relações entre competição e educação devem ser consideradas
na prática educativa, diariamente. A problemática tem muitas implicações do ponto de vista educacional, e suas diferentes manifestações no espaço escolar, tem preocupado ,de forma especial, a mim e outros profissionais da educação.

Uma aproximação a esta temática exige que se tenha como ponto de partida a convicção de que a competição na escola não pode ser analisada como um fenômeno isolado, ela é parte de um processo mais amplo, que vai além da escola, pois implica uma série de fatores que dizem respeito ao contexto social como um todo.

As causas da competição na escola , assim como na sociedade em geral, são múltiplas e complexas, mas a origem de todas elas pode estar situada nas intoleráveis condições econômicas e sociais criadas pelo tipo de modelo de desenvolvimento que foi implementado, ao longo dos anos na sociedade brasileira.

Alguns aspectos agudos podem ser detectados dentro dessa nossa sociedade capitalista. Como o impacto das políticas neoliberais, a expansão da cultura do consumo, a escandalosa concentração de renda, a crise ética, o aumento da exclusão e do desemprego.

"A hegemonia do projeto neoliberal, que caracteriza o momento atual brasileiro, tem contribuido para reforçar o referido processo de desintegração social. O mercado torna-se o elemento central de estruturação social, transformando em mercadorias não somente os produtos materiais mas também as relações humanas, e se organiza segundo uma lógica própria, na qual o poder e os benefícios trazidos pela produtividade e o consumo concentram-se nas mãos de determinados grupos sociais. Desta forma, pode-se afirmar que sua lógica possui um caráter excludente e seletivo. Em um mundo onde a dimensão econômica subordina todas as demais, a concepção de cidadania parece coincidir com a de consumidor-empreendedor, desvirtuando-se, assim, seu sentido profundo e potencial utópico, mobilizador da construção de uma sociedade justa, democrática e solidária."(Candau,pág.1)

O desenvolvimento da cooperação como exercício de co-responsabilidade para o aprimoramento das relações humanas , em todas as suas dimensões e nos mais diversos contextos, deixou apenas de ser uma tendência, e passou a ser uma necessidade. É preciso nutrir e sustentar o processo de integração da Cooperação no cotidiano pessoal, comunitário e planetário, reconhecendo-a como estilo de vida, uma conduta ética vital.

Contrariando o mito da competição como forma de garantir a sobrevivência e evolução humana, existe um conjunto amplo de evidências indicando que os povos pré -históricos, "que viviam juntos, colhendo frutas e caçando, caracterizavam-se pelo mínimo de destrutividade e o máximo de cooperação e partilha dos bens."(Orlick,p.17)

Somos condicionados a competir o tempo todo, "regras invisíveis" nos impedem de enxergarmos uma ourtra maneira de ver, viver e vencer o jogo da vida. Ultrapassar essa" crise de percepção ", interdepende da nossa disposição em reconhecer que somos e estamos realmente interligados uns aos outros. Este é o primeiro passo para exercitar a cooperação, não somente como princípio, um valor ético,mas antes disto compreendê-la como uma característica essencial da vida e como uma condição na sociedade humana.

"..nós não ensinamos nossas crianças a terem prazer em buscar o conhecimento, nós as ensinamos a se esforçarem para conseguir notas altas. Da mesma forma não as ensinamos a gostar de esportes ,nós a ensinamos a vencer jogos." (orlick..p.17)

Quando ele diz isso, não critica a instituição escolar em si, mas a maneira, e como seus componentes mais importantes, as pessoas, se portam diante de uma competição tão forte quanto conseguir nota para passar de ano. Neste sentido a Escola vem sendo constantemente convidada a lançar um novo olhar sobre sua prática, bem como sobre seu papel na sociedade.

Tanto o filme como o jogo são ferramentas do lúdico que estou disposta a utilizar em minhas aulas, pois é uma excelente manifestação humana de forte representação para a criança, expressando sua essência. Neste ponto o modelo dito por Palomar, Atende ao desembaraçar ,dos fragnentos da memória, de experiências e de princípios subentendidoa e não demonstráveis.

Objetivos

Utilizar a linguagem lúdica do desenho "Vida de Insetos" aos valores básicos de participação, cooperação traduzidos em jogos e brincadeiras.

Resgatar a dimensão educativa do desenho animado, considerando o aspecto ético dos valores cooperativos que podem ser construídos quando a criança interage com o filme.

Mesclar realidade e fantasia, tendo ao eixo dos feitos heróicos, uma conexão ao imaginário infantil.

Proporcionar aos alunos modelos generosos e participantes para que estes estejam mais propensos a cooperar. Focalizando a vida em comunidade das formigas e sua operacionalização nas brincadeiras durante as aulas de Educação Física.

Focalizar todos os aspectos anteriores para a formação de professores, pois entender o lúdico pára a criança e fator de predominante na prática pedagógica.

Metodologia

Conversa sobre insetos e se os alunos já haviam percebido como é o seu dia a dia e propor a turma que assistissem ao filme "Vida de Insetos".

Na aula seguinte fizemos uma retrospectiva dos fatos ocorridos no filme.

Utilizando uma corda com nós sugeri que esta seja o caminho as formigas tiveram que percorrer para vencer os gafanhotos e que cada aluno deveria segurar firme na corda para se defender dos gafanhotos.

Resultados alcançados

As crianças mostraram-se bastante motivadas sentindo-se as formigas, mostrando autonomia e responsabilidade. Durante a atividade percebi mais integração entre elas.

Todos os alunos queriam ter a sensação de passar pela corda, por isso foi preciso mais de uma aula para não ferir a mão dos que seguravam, com isso valores humanizadores foram levados em consideração pelos alunos.

As normalistas vivenciaram a importância deste trabalho para a formação de um indivíduo cooperativo e consciente dos valores humanos necessários a um bom convívio social.

A autora, é professora da Secretaria Estadual de Educação do RJ e da Secretaria Municipal de Educação do RJ.(Email : sasakaka@terra.com.br)

Bibliografia

  •  Orlick, Terry, Vivendo a Competição, Circulo do Livro.
  • Nós da Escola, Revista de Educação da Multirio (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro) ano 3, nº19.2004.
  • Guimarães, Gláucia, Tv e Escola Discursos em Confronto, Ed. Cortez, 2000.
  • Calvino, Italo Palomar. São Paulo; Companhia das letras,1994
  • Candau,Vera Maria e outras,Escola e Violência,2ª ed. RJ,DP&A