No Pain, no Gain e a Produção de Subjetividades Pela Renúncia de Si
Por Kaline Lígia Estevam de Carvalho Pessoa (Autor), Marcel Alves Franco (Autor), Maria Isabel Brandão de Souza Mendes (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 26, n 3, 2018. Da página 1 a 10
Resumo
Este artigo objetiva realizar uma reflexão sobre um dos discursos presentes na Educação Física, o “No Pain, No Gain”, buscando-se aproximações com a noção de renúncia de si, encontrada nos estudos de Michel Foucault. Estabelece-se relação com abordagens do corpo na atualidade, com certas peculiaridades, principalmente no que concerne à apropriação de discursos e práticas presentes em espaços de academia, bodybuilders e atletas de alto rendimento de diversas modalidades, onde a dor e o sacrifício são vistos como meios para a conquista, a vitória e o sucesso. Diante dos resultados apresentados é possível compreender que para se chegar ao corpo idealizado, o sujeito se coloca em diversas provações. Observamos nos exemplos citados que a renúncia de si é ressignificada pelos parâmetros biomédicos e do treinamento esportivo. A ênfase da renúncia de si se estabelece numa vida regrada, por meio de ações reguladoras e pela aderência do sujeito às drogas como parte do próprio treinamento. Neste estudo identificamos a produção de subjetividades proporcionadas por práticas de renúncia de si presentes em cenários esportivos na contemporaneidade. Destacamos ainda que o discurso “No Pain, No Gain” vai se espalhando pela sociedade e não se restringe somente aos atletas de rendimento ou aos bodybuilders, como podemos observar no nosso dia a dia, como profissionais da Educação Física. Quanto aos impactos relacionados à área da Educação Física, pensamos na responsabilidade desta possibilitar que o sujeito reflita a respeito de ditames que surgem na sociedade, assumindo-se como ser singular dotado de sensações diversas e desejos constantes.