Nova prática recreativa associada à transmissão de verrugas vulgares
Por Bernardo Lofiego Caffaro (Autor), Felipe Nazareth de Matos Pinto de Carvalho (Autor), Felipe Cupertino (Autor).
Parte de Medicina do Exercício e do Esporte: Evidências Científicas para uma Abordagem Multiprofissional . páginas 118 - 124
Resumo
A “altinha”, variante do futebol de areia amplamente difundida nas praias cariocas, é uma atividade recreativa que adapta fundamentos do futebol de areia para a prática em círculo, com a participação de vários jogadores, que utilizam principalmente os seguintes segmentos: pés, pernas, cabeça, joelhos e tronco. Por ser uma prática caracteristicamente brasileira, a relação entre a “altinha” e infecções cutâneas é pouco descrita. Os autores relatam seis casos de pacientes diagnosticados com verruga vulgar, buscando correlacionar o desenvolvimento dessas lesões com a prática da “altinha”. Caso Clínico: Seis pacientes, adultos jovens, naturais do Rio de Janeiro e praticantes da “altinha” em praias cariocas, queixando-se de lesões cutâneas verrucosas indolores. Ao exame, apresentavam pápulas normocrômicas, ceratósicas, fissuradas, que acometiam principalmente os pés e pernas de membros dominantes. Diante da anamnese direcionada e exame físico, foi feito o diagnóstico de verruga vulgar. Os pacientes foram tratados com criocirurgia, obtendo resultados satisfatórios. Discussão: O esporte e as condições externas do ambiente da prática esportiva favorecem a transmissão do papiloma vírus humano devido à exposição a fatores como umidade, sudorese e trauma, além do contato direto com a pele infectada de outros esportistas e com superfícies colonizadas. Os participantes praticam a “altinha” descalços e utilizam como equipamento uma bola de futebol, que é constantemente compartilhada pelos jogadores, resultando em trauma tanto da bola quanto da areia. Além disso, a atividade exige esforço físico dos participantes, gerando sudorese e eventual contato físico entre eles. Conclusão: Com a prática cada vez mais frequente da “altinha” entre os frequentadores de praias, o dermatologista deve estar atento não só aos hábitos de proteção solar desses indivíduos, como também ao exame da pele em busca de dermatoses relacionadas à prática, assim como alertar para o risco de infecção pelo Papiloma Vírus Humano nesta nova modalidade.