Resumo

Entendemos o esporte como um fenômeno social capaz de retratar lutas que também são travadas em diferentes campos sociais. Essa potencialidade apresentada pelo campo esportivo atrelado aos preceitos teóricos de Pierre Bourdieu nos instigou a investigar fundamentos ocultos de dominação exercidos no contexto esportivo, mais propriamente falando, no subcampo do futebol e na estrutura do futebol feminino. Considerando que ao longo da história o corpo da mulher no esporte esteve em evidência, seja por questionamentos de que as jogadoras não se apresentavam de modo esperado socialmente como “feminino” ou, pela espetacularização desses corpos, vinculado ao fato de que o futebol no Brasil é um espaço de reprodução de significados de masculinidade, nossa proposta de estudo é entender como são incorporadas as disposições para a ação de jogadoras do Novo Mundo Futebol Clube no espaço do futebol. As informações foram coletadas a partir de observações aos treinos e jogos que aconteceram na sede do clube e, de entrevistas com quatro jogadoras. A partir das informações coletadas construímos três principais pilares que sustentam a nossa resposta ao questionamento inicial, que se foca em entender o processo de incorporação de disposições para a ação no subcampo do futebol, dentre as quais estão: a formação de um habitus futebolístico que acontece ainda na infância; a legitimação de um habitus construído socialmente e entendido como feminino em um espaço de dominação masculina, que segue os preceitos de mercado que busca além da habilidade esportiva a espetacularização dos corpos femininos e a criação de uma nova oferta, em se tratando de consumo esportivo; e, um terceiro elemento que permeia os dois primeiros e, diz respeito à “garra” – força de vontade. Característica que, na opinião das jogadoras, deve ser disposição inicial para a ação no subcampo do futebol, tendo em vista a luta pela entrada e manutenção nesse espaço de dominação masculina.

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